domingo, 20 de novembro de 2011

Deau e Jimmy @ Plano B, Porto (18/11/11)

Que nos últimos anos as ruas da Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade têm moldado um jovem MC cheio de talento já não deve constar novidade para (quase) ninguém, pelo menos para os mais atentos apreciadores de bom rap. Apesar de só em Janeiro de 2012 surgir o seu primeiro registo discográfico, Deau começa a dispensar o rótulo de jovem promessa, reclamando antes o título de jovem certeza. Os acontecimentos da noite da última sexta-feira, dia 18 de Novembro, sustentam qualquer palavra atrás escrita. No andar subterrâneo do Plano B, Deau teve como primeiro plano a apresentação de novos temas, que, de boca em boca, ganharam estatuto de EP. Jimmy P foi seu convidado de abertura e DJ D-One responsável pelos pratos (aventurando-se também nas dobras).

Com o habitual compasso de espera para que a sala se povoasse o mais possível, a (curta) performance de Supremo G a.k.a. Jimmy P iniciou-se quando os ponteiros já faziam cócegas às duas horas da matina. Como o próprio fez questão de frisar, a sua actuação serviu sobretudo como warm up para o cabeça de cartaz - Deau, pois claro-, e, numa das noites mais importantes da carreira deste, terá sido também, de alguma forma, uma espécie de retribuição pelo companheirismo de Jimmy ao longo do despontar de Deau no rap nacional. “Gameover” foi o primeiro som a puxar pelas gargantas dos presentes, seguido pelo muito comentado “Dope Boy”. Jimmy P esteve sozinho na frente do palco, sem MC de apoio, por isso recaía sobre ele o bom ou o mau arranque da noite. Com maior ou menor dificuldade a tarefa foi cumprida com êxito. Já depois da faixa que selou “O Regresso” às gravações depois de uma fase de ausência, Jimmy lançou “Warrior” e foi nesse instante que sentiu o maior calor da plateia e a certeza que esta já se encontrava suficientemente aquecida para Deau.

Sem intervalo, Jimmy nem saiu do palco, pois logo de seguida serviria de apoio – juntamente com Ruca – ao MC oriundo do Candal. Numa hora e um quarto de concerto, Deau fez questão de apresentar todos os 9 temas que constituem o dito EP. “Questão de Tempo” e “Diva Suburbana” foram os dois primeiros e serviram desde logo como teste à recepção da audiência. Com o espaço quase cheio, um bom grupo de apoiantes de Deau mostrou já ter as novas letras decoradas. Por várias vezes Deau fez referência ao “seu povo”, sendo bem evidente a sua felicidade por ter gente que bem conhece e com quem convive naquele espaço, naquela noite. Prova disso, as várias vezes que partilhou o microfone com alguns deles. “Cara Metade” foi um dos clássicos (juntamente com “Lamento”) que meteu Deau na boca e nos ouvidos de muita gente, e, nesta noite especial, recorda-lo era obrigatório, até porque Supremo G (a voz metade desta música) estava mesmo ali ao lado. Deau revela-se cada vez mais maduro, indócil em algumas ideias, mas sempre com opiniões bem traçadas, seja nas suas músicas ou quando encara uma plateia de mic na mão.

Uma das habilidades que também tem catapultado Deau para os cabeçalhos do rap português é o improviso. Todo e qualquer concerto de Deau tem de ter rimas geradas na hora. Isso já parece ponto assente. No Plano B não foi excepção. Embora não tenha sido tão empolgante como noutras vezes, foi o suficiente para manter a fama que arrecadou em vários palcos e ruas onde tem improvisado. A flexibilidade enquanto MC está bem patente na diversidade de abordagens nos novos sons. Dos 7 minutos do “Advogado do Diabo” à visão teatral da “Invicta” (para mim, uma das suas melhores canções) ou o meloso “Ao Pé de Ti”, num registo algo diferente de tudo que tinha feito até agora.

"Acham que ia embora sem a ‘Lamento?'", perguntou Deau perante um público mais do que convicto da resposta. À efervescência que esta faixa provoca sempre que é tocada ao vivo, juntou-se Chek, do duo Enigma. Deau acabou levado em ombros, como se de uma condecoração se tratasse. Mas ninguém queria arredar pé da sala, nem o público, nem o próprio Deau, e isso foi notório. Mais 10 minutos de improviso improvisados (passo a redundância) fecharam a actuação. De brilho nos olhos, e depois do apoio e da cumplicidade que recebeu numa noite onde, pela primeira vez, foi o centro de todas as atenções, Deau terá se sentido nas nuvens mesmo estando no subsolo do Plano B. No final, ficou o desafio lançado pelo próprio (e que poucos artistas ousariam fazer): "Quem não gostou que faça barulho". Silêncio ensurdecedor na sala. Quem cala, consente, já diz o povo.

Texto: Sempei
Fotos: Fisko





6 comentários:

  1. TOP! ADOREI! DEAU PARTIU COM A LOIÇA TODA, GRANDE SOM, AMBIENTE ESPETACULAR, PARECIA QUE ESTAVAMOS TODOS HIPNOTIZADOS, SO SORRISOS NAS CARAS! ADOREI FORÇA DEAU, QUEREMOS MAIS CONCERTOS!

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  2. Sem dúvida que este artista sabe o que faz em palco.
    Apesar de ter chegado tarde ao evento pude reparar que foi um show intenso e onde realmente toda a gente se sentiu parte do concerto...
    É para repetir, muito porreiro o ambiente e o espírito do pessoal que esteve no Plano B da invicta.
    Um abraço*

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  3. Mérito todo dele, que tem sabido gerir a carreira de uma forma que nem todos conseguem, não dando passos maiores que as pernas, como se costuma dizer. Foi um bom show, sem dúvida.

    Abraços

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  4. adorei!!!! n é de todo o meu estilo de música, mas para experimentar acho k escolhi o melhor artista adorei!!!!! muitos Parabéns ! o que é preciso é ter Postura!!!! :)

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  5. 4400 ... a passo e passo..Deau esta a construir a carreira que merece...

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  6. o Deau já é , a meu ver, o Mc com mais Skill do Hip Hop Nacional... ES O REI!

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