quinta-feira, 30 de abril de 2009

O novo Raekwon


Primeiro single e vídeo de "Only Built 4 Cuban Linx II", próximo álbum a solo de Raekwon. O registo, que surgirá (finalmente) nas montras no décimo primeiro dia de Agosto, traz consigo velhos amigos do clã Wu-Tang. Nesta primeira amostra intitulada 'New Wu', já é possível ouvir-se Method Man e Ghostface Killah e ainda sentir RZA na batida . Os velhos 'Ws' no ar, por favor...

Entrevista a Sir Scratch (Incendiários Mixtape)

Já se encontra disponível para visualização a entrevista que fizemos a Sir Scratch para o H2T, referente à "Incendiários Mixtape":

http://www.h2tuga.net/entrevistas/082_sirscratch_incendiarios.php

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A Azul e Invicta Entrevista de Ace

Ace, membro de Mind da Gap, deu uma entrevista exclusiva ao Guardião da Invicta, blog dedicado ao FC Porto. Conhecida a sua paixão pelo FCP e pela Cidade do Porto, Ace aproveitou para aprofundar e divulgar ainda mais esse gosto. Para todos os que tiverem curiosidade em ler a dita entrevista, acedam lá através desta ligação:

http://guardiaodainvicta.blogspot.com/2009/04/entrevista-com-ace-dos-mind-da-gap.html

terça-feira, 28 de abril de 2009

Murs, o presidente desgostoso



Retirado de "Murs for President", último trabalho do emcee dos Living Legends, 'Break Up (The OJ Song)' surge como terceiro e derradeiro capítulo da estória amorosa de Murs com uma actriz porno. Em termos de produção, o sample de Anthony Hamilton encaixa que nem uma luva.

Tilhas? São Sapatilhas

"Gosto de agarrá-las, senti-las minhas ou só fitá-las
Deleitar-me com a visão de cada um dos pares delas
Admirar os pormenores, os traços, as texturas
Imaginar-me com elas em grandes aventuras
Inspirado pelos seus contornos e curvas
Formas e cores, das mais claras, às mais escuras
É uma fixação, funciono por compulsão

Não resisto a desejá-las a todas, é uma obsessão"
Mind da Gap - "Tilhas? São Sapatilhas"

Para algumas pessoas, serve só para não andar com o pé descalço. Para outras, é a melhor escapatória ao sapato. Mas para muitos indivíduos, uma tilha vai muito além de uma sapatilha. É bem mais do que isso. Bem mais do que um acessório com sola de borracha, cordões que se entrelaçam e uma palmilha interior que nos mima o pé no contacto com o solo, e que trocamos regularmente, de tão gasta que está. A forma, a textura, a cor, o tamanho, o feitio, o estilo e a criatividade de cada unidade são a desculpa perfeita para a monstruosa e insaciável vontade de ter em posse dezenas ou até centenas de pares de sapatilhas. Em alguns casos, adquiri-las já desenhadas não os satisfaz. Se posso ter uma sapatilha de que gosto muito, bom para mim, mas se puder personaliza-la a meu gosto e revesti-la com uma aparência única melhor ainda. Daí até à customização vai um passo. De um simples estado de espírito ou de um rascunho pormenorizado nasce uma nova cara para a sapatilha. Para isso, basta libertar o monstro criativo que nasce com alguns, rentabilizar o portfólio de ideias que os apoquenta, e revelam-se uns ases da customização. Isto se foram contemplados com essa preciosa habilidade. Se não é o caso, resta-nos esperar que outros sortudos mantenham a vontade de partilhar connosco essa sorte, nem que seja numa simples sapatilha.

Em baixo, desfilarão alguns exemplos deste maravilhoso mundo da sapatilha colorida, bastante colorida, sombria, esquisita, feminina, enfim... tudo o que se possa imaginar... ou não!
São vários os artistas que tatuaram os seus nomes neste tipo de calçado. Kanye West, 9th Wonder e o portuense Ace são alguns desses nomes.

Puma x 9th Wonder
Nike Air Yeezy Kanye West
Nike Air Sneaker Kanye West
Nike AF1 Sneaker Tribute to Hip Hop - Biggie and Tupac
Tupac Notebook Nike AF1
Snygga Cubes
Nike Blazer LE
Nike Air Force Ones Marvel Vs. DC
Nike Air Max 1 ND White/Metallic
Nike Vandal High Metallic Silver/Neon
Nike Air Digs Spring 2009
Nike Dunk High Metallic Silver/Turquoise
Nike Dunk High SB Yellow/Black
Nike Air Max 90 White Croc Skin
Nike Air Max 1 Livestrong "Stages" Collection
Nike Rt1 Natural Grey/Green Mist
Union La X Nike Dunk High Challenge Supreme
Nike Air Max 90 CT TZ Black/Black/Anthracite
Reebok Reverse Jam Mid "Easter Collection"
Nike Dunk x Nylon
Vans Japan Sk8 Hi

sábado, 25 de abril de 2009

Lembrando o 25 de Abril de 1974



A Revolução dos Cravos foi há 35 anos. Para comemorar a efeméride, escolhi a música “Houve Homens de Talento” de Kooltuga. É uma singela homenagem a todos aqueles que lutaram pela Liberdade. A escolha da música, diga-se, não é casual, já que Kooltuga tem-se prestado a celebrar Abril, bem como toda a música nacional. E que excelente trabalho tem desenvolvido!

O dia 25 de Abril de 1974 significou a vitória que permitiu a instauração em Portugal das liberdades políticas e de informação, resolvendo igualmente o então urgente imbróglio ultramarino. As razões que contribuíram fortemente para que o golpe tivesse êxito foram as seguintes: o descontentamento dos militares (longos anos envolvidos numa guerra sem vislumbre de resolução e sem hipóteses de entendimento político); desgaste das famílias dos militares e da população em geral; acréscimo da politização especificamente dos jovens universitários que engrossavam as fileiras do exército; o atraso do país; a pobreza; o isolamento internacional; a existência da censura; as perseguições e prisões políticas.

A música assumiu um papel de grande relevo na Revolução. A canção “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho funcionou como senha ao ser passada na rádio. Um segundo sinal viria através de “Grândola Vila Morena” de José Afonso. Ao ouvirem-nas, os militares sabiam que podiam confluir para Lisboa para dar início ao golpe militar. A ocupação e o domínio dos meios de comunicação assim como a solidariedade dos populares, que se misturaram com os militares e retiraram capacidade de manobra às forças fiéis ao regime, foram factores decisivos para o sucesso da operação desencadeada pelos militares e para que os acontecimentos evoluíssem para um clima revolucionário. Às 19h30m do dia 25 de Abril de 1974, Marcello Caetano entregava o poder a António de Spínola, chamado a integrar o grupo de revoltosos.



De modo a celebrar igualmente o local onde tudo se desenrolou, Lisboa, deixo-vos também mais um instrumental. Desta feita, o autor é Rocky Marsiano, que investiu Lisboa de mais um hino: “LX Extravaganza”. E se “extravaganza” deriva do italiano “stravaganza”, num Portugal tantas vezes cinzento, abúlico, obscurantista, retrógrado, não foi mesmo uma extravagância consumar uma revolução? Apesar de alguns ideais de Abril ainda imperarem, a decepção que grassa actualmente só me faz ter saudades das revoluções que virão! Oxalá o Hip Hop seja um aliado delas, transportando consigo o espírito desse dia 25 de Abril de 1974. Revoltem-se!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

SampleMania: 9th Wonder / J Dilla / Tony Tato x Let The Dollar Circulate

Comummente, surgem algumas celeumas no universo Hip Hop. Ora por rimas que são ditas, ora porque alguém era underground e virou comercial, ora porque há personalidades que colidem, ora porque um produtor usou um mesmo sample que outro já tinha usado. É exactamente este último ponto que me faz bater os dedos no teclado hoje. Será que quando um produtor usa um sample nunca mais outro produtor deve usar esse sample? Será que se justifica que seja novamente utilizado?

Em primeiro lugar, o Hip Hop prima e primará sempre pela liberdade. Desse modo, creio que é perfeitamente normal e legítimo que um mesmo sample seja a ferramenta de trabalho de todos os que queiram poli-lo. Em segundo lugar, entendo que a criatividade é fundamental nesta cultura. Logo, qualquer produtor que se preze, munido da sua arte e engenho, procurará pegar num trecho de uma música de modo a obter dali uma peça exclusiva. Assim, dificilmente serão criados instrumentais iguais e não haverá lugar para suspeitas de usurpação de ideias. Quem labora com um mesmo sample é alguém que com outra experiência e sensibilidade artísticas tentará imprimir o seu toque pessoal na obra, conferindo a sua valia técnica e reinventando outras possibilidades musicais. São ridículas algumas polémicas que se levantam que nem poeira, toldando as pessoas da verdadeira realidade: cada produtor possui as suas ideias e processos criativos próprios ao engendrar um instrumental e não é justo que os sucessores do primeiro produtor a usar determinado sample sejam apelidados de imitadores.



Para justificar o que atrás referi, trago-vos três instrumentais que se basearam na mesma música. O tema samplado é “Let The Dollar Circulate” de Billy Paul, que foi incluído no álbum «When Love is New» de 1975. Billy Paul nasceu a 1 de Dezembro de 1934, em Filadélfia. Começou precocemente a cantar e nos anos 50 e 60 já fazia companhia em palco a muitos dos grandes nomes da cena musical norte-americana. Coleccionou sucessos, fazendo uma notável carreira nos domínios da Soul e do R&B com canções como “Me & Mrs. Jones”, “Let ‘Em In”, “Your Song”, “Only The Strong Survive” e “Thanks For Saving My Life”.



O primeiro instrumental que apresento é da autoria de 9th Wonder. Destacadíssimo produtor da Carolina do Norte, 9th Wonder já colaborou com alguns dos mais meritórios artistas do Hip Hop norte-americano. Granjeou o reconhecimento do público fazendo parte do grupo Little Brother. 9th Wonder é um fiel discípulo de produtores como Pete Rock e Premier. Neste instrumental, a Nona Maravilha conseguiu um resultado soberbo. É carregar no play e confirmar.



O segundo instrumental é uma cortesia de J Dilla. Já teci algumas considerações sobre J Dilla aqui. Artista de mão cheia, não necessita de apresentações. Forneceu este beat a Steve Spacek, inglês que cruza géneros vários mas sempre norteado pela Soul, onde se assume como um ponta-de-lança. A canção é estrondosa e faz parte do álbum “Spaceshift”, lançado em 2005 pela editora Sound In Color, sediada em Los Angeles.



O terceiro instrumental foi uma descoberta casual que fiz no youtube. O produtor é um perfeito desconhecido. No entanto, o resultado final é muito bom e merece absolutamente uma audição. Tony Tato é assim que se apresenta.

O que pretendi relevar aqui é que, desde os nomes maiores da produção de batidas a nível mundial como 9th Wonder e J Dilla até completos anónimos como Tony Tato, todos eles realizaram instrumentais belíssimos e distintos apesar de terem usado o mesmíssimo sample. Em suma, estes produtores trabalharam a mesma amostra à sua maneira, sendo que os instrumentais, precisamente por essa diferença, mostraram-se transbordantes de sublimidade, acentuando a multiplicidade de soluções criativas que um único sample oferece.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

No estúdio com...

Hoje trago algo diferente... Três vídeos que bem poderiam passar por três partes de um qualquer documentário ávido por penetrar no background dos produtores e emcees.


Primeiramente, Marco Polo mostra ao mundo o seu estúdio pessoal. Não deixem escapar o brilhantismo do pormenor da sua mpc. Será esse o segredo da potência nas suas batidas?



Estúdio conferido, que tal pedir que nos mostre do que é capaz? Para variar, deixemos agora 9th Wonder assumir o papel de guia...



Para finalizar, nada melhor que pedir a três senhores que testem o mic. Um, dois, experiência:

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Novo Vídeo de Xeg - Liberdade


Confiram!

Tekilla no 2º Episódio da Madkutz TV

Vão espreitar o novo episódio e recolham o bónus que Madkutz generosamente oferece: "Caminhante ft. NGA - We Run Them". Já sabem o endereço:

domingo, 19 de abril de 2009

Eles estão de volta!



Talib Kweli e Hi-Tek voltaram aos estúdios com o intuito de oferecer ao clássico "Train of Thought" um merecido substituto. Denominado "Trainspotting", este novo trabalho surgirá nove anos após o antecessor, que deixou relíquias como 'The Blast' e 'Move Somethin' na memória dos muitos apreciadores da dupla Reflection Eternal. Cá fora está já o vídeo para 'Back Again' que, pode-se dizer, traz consigo um Kweli no seu melhor e um Hi-Tek ao nível dos eternos produtores de excelência. Sem vídeo, mas com bom áudio, também já se faz ouvir 'Internet Connection', que conta com um breve cameo do baixista Boosty Collin. Os tempos são outros, logo, é natural que tanto Talib Kweli como Hi-Tek tenham amadurecido o suficiente para perceber o que o hip hop actual espera deles. Por mim, tudo o que aí vier provocará sempre uma reflexão interna e eterna, o que muitas vezes faz falta ao hip hop contemporâneo.

Mas Talib Kweli não se contenta em regressar às lides com Hi-Tek, já que também Mos Def voltará a partilhar os estúdios e os palcos com o rapper. É verdade, apesar de não haver data concreta, os Blackstar estarão de volta com um novo álbum. Onze anos após o extraordinário trabalho homónimo, Kweli e Mos Def preparam tranquilamente o registo que, por muito que não se queira, chegará selado de espectativas de ser um digno sucessor de um dos mais marcantes àlbuns da década passada. Por enquanto, o duo tem agendado concertos para Maio, onde prometem relembrar os êxitos enquanto Blackstar.
Convém também acrescentar que Talib Kweli prepara igualmente o próximo trabalho a solo intitulado "Prisoner of Consciousness". O emcee foi buscar o nome a um outro álbum do artista nigeriano de reggae Majek Fashek.


P.S.
Ao que parece, andaram a circular por aí rumores de que 9th Wonder estaria a reunir-se secretamente com Phonte e Big Pooh para o regresso da formação inicial dos Little Brother. Entretanto, o assunto foi desmentido e bem enterrado por Phonte no Twitter: "Não queremos voltar a trabalhar com 9th Wonder. Nunca mais!". É pena...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Tu aí que fumas...

... esta música é para ti! Quem o garante é Method Man e Redman, que fabricaram o novo álbum ("Blackout 2") a pensar nos indivíduos que partilham o gosto pelo fumo. Resta saber se estes considerarão "A-YO" o mais recente vício...

Entrevista de Mr. Dheo ao Jornal Ágora




Há dias deitei mão a um molho de jornais e revistas e encontrei uma entrevista que acho seguramente digna de ser partilhada. O entrevistado é uma figura de proa do graffiti em Portugal: Mr. Dheo. Coube ao Jornal "Ágora", órgão universitário do ISMAI, realizar a dita entrevista, que saiu para o público no dia 11 de Abril de 2009.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Hoje é dia D...

Primeiramente, Dizer que hoje é Dia De peDir Desculpa pela Distração que tomou conta De mim no post Dos novos álbuns Deste mês De Abril. Mas esse descuiDO será abatiDo hoje, Dia D, Dia De Diamond District. É que este novo grupo, formaDo pelo proDutor e emcee Oddisse e pelos rappers XO e YU, Disponibiliza hoje no seu site o primeiro álbum em conjunto. Chama-se "In The Ruff" e conta com Dez proDuções De Oddisee, uma De Dunc e outra De Slim Kat 78. Numa primeira auscultação, não tenho Dúvidas em dizer que Da próxima vez que o ouvir sem ser à bruta, Descobrirei um Diamante bem lapiDaDo. Até porque, nesta primeira passagem, encontrei vestígios De bom boom bap que me obrigaram a viajar por outros (bons) velhos tempos. Por isso, é De aproveitar esta gratuíta visita guiada a DC, porque, como se sabe, a seguir ao (Dia) D virá sempre o (Dia) €.


Aqui fica também um belo Documentário Documentado pelos próprios Diamond District:


P.S. Desculpem os 'Dês' maiúsculos mas os DD mereciam esta Desculpabilização num tom granDioso...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

Em Abril, álbuns mil

Para nossa melhor coordenação e orientação no calendário musical, concentremo-nos nos dias em que novos trabalhos sairão directamente dos armazéns para uma qualquer prateleira. Assim, mensalmente, será feito um post com todas as novidades com aparição pública marcada para o respectivo mês.

E para começar, um registo apaixonante e fresco, aliás, muito fresco. Tão fresco que ainda estará a ser arrumado numa qualquer montra. Falo do novíssimo álbum de Kero-one "Early Believers" que, ou muito me engano, colocará definitivamente este emcee, produtor e dj no mapa da boa música contemporânea. Apaixonado pelo jazz, este americano de ascendência sul-coreana ainda vai beber ao soul, ao disco e até à música brasileira toda a inspiração necessária para a concepção dos seus beats. Se desconhecem o nome, passem pelo seu space e sintam-lhe o pulso. Desde o primeiro trabalho ("Windmills of the Soul") que Kero-one apareceu escrito na secção dos artistas a seguir com atenção. Com "Early Believeres" merecerá certamente um sublinhado dos apreciadores da música autêntica.

Já Del The Funky Homosapien decidiu oferecer ao hip hop mais uma pequena peça do puzzle mais difícil de se montar: o do verdadeiro hip hop. E neste caso o 'oferecer' é mesmo literal. É verdade, há dois dias que "Funk Man" se encontra para livre auscultação e recomendável download. Deste registo não esperem a receita para a junção perfeita do rap com o funk, esperem antes o produto final, e com selo de qualidade. Del The Funky domina tão bem o funk que os dois são um só... nome. Neste sétimo trabalho a solo, o fundador dos Hieroglyphics mantém-se sobre a linha da lírica subtil, metafórica e com belos traços de humor. Todas as batidas têm o cunho do emcee, à excepção de "Simple Satisfaction " que Zac Hendrix fez questão de criar. Del The Funky é um dos pioneiros do hip hop underground e dos primeiros a manter a intenção de estabilizar-lhe os dois pés no chão... ou debaixo dele.

Quem também está generoso é Tony Spliff, ou não tivesse disponiblizado gratuitamente o seu novo registo intitulado "Authentic". Apesar de ser livre de custos, qualquer pessoa pode contribuir com a quantia que bem lhe apetecer. O número de convidados é extenso, a expectativa, naturalmente, enorme: Krumbsnatcha, King DOM, Royce da 5'9'', Special Teamz, Born Talent, Planet Asia, Shabaam Sahdeeq, Jukstapose, Chaundon, Wordsworth e Braille, só para citar alguns. Estes lançamentos sem qualquer custo têm o seu lado positivo e negativo. De qualquer das maneiras, se todos os artistas o fizessem com a melhor das intenções e responsabilidade, talvez o hip hop estivesse um pouco mais... autêntico.

Também esta semana chegou um álbum em conjunto bastante aguardado. Trata-se de "Brand New Rap" e nasce de uma fórmula que de nova nada tem. Um produtor e um emcce, um só registo. Kaz One fica-se pelas máquinas, Verbal Kent encarrega-se do mic. Talento não falta, qualidade muito menos. Ambos sabem melhor do que ninguém como acasalar as batidas de um com as rimas do outro e daí tirar o melhor proveito. O objectivo é claro: envergonhar todos aqueles que vêm reiterando que o coração do hip hop já não bate. Se isso for conseguido, tão cedo "Brand New Rap" não será esquecido. Para mais tarde recordar serão os contributos de Ill Bill, Wordsworth, Coldhard e Braille... pelo menos é o que todos desejamos.

Perfecionista como sempre, percepcionista desde... sempre. Falo de Mr Lif no seu próximo álbum a solo a sair a 21 deste mês. "I Heard It Today" posicionar-se-á como um espelho reflector da sociedade actual. Mr Lif baseou-se em tópicos como a crise económica, a discriminação, o ódio na comunidade negra ou a ignorância para dar forma às suas rimas. Tormentos esses que também não passam ao lado de Bahamadia e Vinnie Paz (Jedi Mind Tricks), ou não tivessem eles presentes neste registo revolucionário.
Três dos catorze sons que compõem o álbum já invadiram o space do rapper. Assim como uma megamix de 34 faixas que percorre a carreira do próprio e que até conta com beats de Madlib, sobre os quais o rapper de Boston rima.
Para o membro dos The Perceptionists, as sequelas resultantes do grave acidente em que esteve envolvido há três anos fortaleceram a sua determinação incomparavelmente. "I Heard It Today" arrasta toda essa força e brilho que Mr Lif quer ver estagnados nesta era pintada a cores cinzentas, definitivamente.


Quem voltará a escolher o 'Blackout' como melhor forma de expressão é o duo Method Man/Redman. Dez anos depois do sucesso do primeiro disco (e de vários outros trabalhos a solo) surge a sequela com elevada espectativa e com selo da Def Jam. Munidos de um estilo peculiarmente compatível no mic, a dupla promete satisfazer os fãs mais pacientes. E se Method e Redman apoderam-se das rimas com uma criatividade e excentridade invulgares, com Pete Rock, Erick Sermon, Rockwilder e Buckwild as batidas fluem naturalmente. As três músicas confirmadas em "Blackout 2" (28 Abril) já 'silenciam' o myspace de Method. 'A-Yo', produção de Pete Rock e participação de Saukrates, partiu como primeiro single e 'Ms. International' (com a voz de Erick Sermon) merecerá brevemente um vídeo.

Quem também escolheu o dia 21 para materializar mais um trabalho foi The Grouch. Contudo, o emcee da Califórnia não estará sozinho na capa, pois Eligh, seu camarada no grupo Living Legends, ocupará metade da mesma. Mas não se pense que se contentam somente com a capa. Dentro do álbum foi injectada uma substância bastante perigosa. Estamparam-lhe o título "Say G&E" mas na verdade o conteúdo será altamente esclarecedor: real hip hop. Este quarto volume da série "G&E" traz consigo as vozes de Blu, Gift of Lab, Slug, Pigeon John, Mistah F.A.B., entre outros, e as batidas de Flying Lotus, Rick Ross e do próprio Eligh.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

J Rawls Sampla Música Portuguesa?


Instrumental de J Rawls

Eu e o Sempei já temos esta dúvida há algum tempo e ainda não a conseguimos desfazer. Descobri o álbum “Soon Come...” de Unspoken Heard (Asheru & Blue Black) há sensivelmente um ano e meio, embora este trabalho tenha sido oficialmente editado a 4 de Setembro de 2001. O disco é todo ele bastante agradável de se ouvir. No entanto, a faixa que mais me prendou a atenção foi "Dear You", por ser belíssima, mas também por lhe reconhecer palavras ditas na língua de Camões. Isso mesmo, ao que parece, J Rawls, produtor do instrumental, usou um sample de voz feminina em língua portuguesa. Inicialmente, julguei que fosse português do Brasil, uma vez que é pública a admiração que J Rawls nutre pela música popular brasileira. Todavia, numa audição mais cuidadosa torna-se mais nítido que a voz expressa o português europeu. O ónus da questão reside em desvendar a artista portuguesa que J Rawls terá samplado. Assim, este post constitui um desafio a todos aqueles que visitam o nosso blog. Quem souber a proveniência deste sample de voz, por favor, não hesite em elucidar-nos.

P.S.: O HIPHOPulsação comemora hoje um mês de vida. A todos aqueles que nos visitam e apoiam o nosso muito obrigado. De tão prazeroso que foi, um mês passou bastante rápido. Costuma dizer-se que o que é bom acaba depressa, mas estamos empenhados em fazer perdurar ao máximo a satisfação que é escrever sobre o Hip Hop. Todo o feedback continua a ser bem-vindo, sejam críticas, sugestões, opiniões, reparos. Enfim, o que entenderem. Valeu!


"Dear You" de Unspoken Heard

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Nova Canção de Xeg - Continuação Parte III

Xeg está de regresso. Já é possível escutar uma nova canção do seu mais recente trabalho discográfico chamado “Outros Tempos”. O álbum ainda não tem data de saída para os escaparates mas não deverá tardar muito para que isso aconteça. Nesta nova malha, intitulada “Continuação Parte III”, Xeg está disposto a fazer o K.O. definitivo a muita gente. Sim, pode-se esperar, a valermo-nos por esta faixa, o mesmo artista sem papas na língua que nos habituou à sua frontalidade e honestidade. Se as rimas de Xeg são tiros, a batida de Skunk é o eco perfeito, oferecendo às palavras uma dimensão bélica ainda mais acentuada. Xeg faz jus à sua fama de mordaz e não poupa nas munições quando tem bem visíveis os seus alvos. Há muita gente que se vai sentir ameaçada. Há muitos que se vão encolher, desviar-se e esconder-se quando sentirem o pontinho vermelho do laser a percorrer-lhes a consciência. Eu é que não me incluo nesse grupo, já que as minhas avós estão muito felizes com o neto que têm! À pois é. Bem-haja, Xeg!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Novo Vídeo de Eminem - We Made You


Eminem está de regresso! A data de 7 de Abril de 2009 foi a escolhida para o lançamento do novo videoclip de Eminem. "We Made You" é o nome da canção. O novo álbum de Eminem chamar-se-á "Relapse" e prevê-se que esteja disponível nas lojas a partir do dia 19 de Maio. "We Made You", que contou com a produção de Dr. Dre, é o primeiro single do mais recente disco do rapper natural de Detroit.

domingo, 5 de abril de 2009

A Arte de Remexer nos Caixotes

Procuras ardentemente vinis em segunda mão? Frequentas feiras onde coabitam as mais diversas velharias? Não te importas de sujar as mãos e entupir as vias respiratórias com pós irritantes? Arriscas-te a descer rumo a caves atulhadas, escuras e pouco arejadas? Tens cedido à tentação de revelar os teus spots secretos aos amigos por mais que eles to peçam? Se respondes-te sim às sucessivas perguntas, parabéns, estás oficialmente infectado pelo vírus do beat diggin’!

Procurar a batida perfeita implica aceder a um mundo restrito à maioria das pessoas, repleto de pilhas e de caixotes ávidos por serem remexidos, de modo a terem novamente vida. O pó que se gruda aos dedos é uma insignificância, um mal menor, perante a possibilidade de se encontrar aquele holy grail com que se sonhava e que tanta inveja faria a quem nunca o encontrou ou, pior, a quem pagou um balúrdio por ele numa loja de discos. O diggin’ é uma arte da persistência, da procura constante, que balança entre a desilusão de não se achar disco algum que desperte interesse, num dia, e o júbilo de se desenterrar, mais tarde, um tesouro que alguém negligentemente deixou à mercê do manto de esquecimento do tempo.

Ser-se um digger é ser-se distinto de um coleccionador de discos. O digger tem uma espécie de técnica diferente e interesses particulares que o levam a obter um determinado disco. Um coleccionador é, por exemplo, aquele que tem preocupações ao nível do número do catálogo. É um pouco complexo delimitar as fronteiras por forma a fazer-se a distinção entre um e outro, pois digger e coleccionador são perfeitamente compatíveis na mesma pessoa. A curiosidade pela música é a maior alavanca para um digger. Ela estende-se a todas as melodias. Qualquer digger de boa índole jamais comete o crime de desprezar género musical algum, assim como não se rege por balizas temporais já que qualquer período é digno de ter música de qualidade. Impregnado nos genes de cada digger estará também certamente o gosto pela cultura dos samples, no sentido de se perceber quem usou o quê e onde terá determinado produtor bebido inspiração para as suas criações.

“O Hip Hop começou com o conceito de cortar discos velhos e rimar sobre eles. E, antes disto, rimar sobre qualquer coisa”. Diamond D sintetiza aqui a importância do diggin’ para o Hip Hop. A beleza está em ressuscitar velhos mas preciosos pedaços de música, torná-los actuais e cedê-los aos mc’s para que eles debitem as suas rimas. Isto é o Hip Hop, isto será sempre o Hip Hop. Através do diggin’, os produtores de Hip Hop processam a reactualização do antigo, a música outrora esquecida é restituída ao mundo. O culto pelo vinil deriva essencialmente da natural paixão pela música, mas não só. O diggin’, para lá do simples deleite ou coleccionismo musicais, é uma actividade que se revela imprescindível para que produtores de Hip Hop e DJ’s obtenham os seus instrumentos de trabalho. É que em cada rodela de vinil podem estar ocultados diamantes capazes de fornecer o carburante ideal para que os mais audazes, perspicazes e criativos fazedores de batidas provoquem um incêndio sonoro inextinguível. Boa parte dos produtores de Hip Hop mantêm-se fiéis à tradição do sampling, considerando-a como a mais pura das essências. Definitivamente, samplar é homenagear. No caso dos DJ’s, os discos antigos servem para enriquecer os seus sets com aquelas relíquias musicais, que provocam o orgasmo auditivo fruto do contacto entre a agulha e o disco. E passar discos encontrados no terreno é o maior dos orgulhos.

O diggin’ é uma arte que almeja exclusivamente a obtenção de música antiga, sendo que esta é naturalmente sinónimo de vinil. Qualquer digger experiente já sentiu nas mãos o plástico de uns bons milhares de discos. Todavia, é importante salientar que a colecção de um digger não é estática, ela evolui continuamente. Em muitos casos, é a fome do intelecto que impulsiona as pessoas a aderirem ao diggin’. O Hip Hop contribuirá fortemente para que muitos enveredem pelo diggin’, ou por necessidade de material para produzir batidas ou pelo simples atractivo de se colocar ao lado dos álbuns de Hip Hop aqueles discos que lhes serviram de alicerce criativo. É incontornável não nos sentirmos seduzidos em cultivar a indagação das raízes, buscando os samples originais. O Hip Hop é uma espécie de género musical omnívoro, que se alimenta de todos os sons, e por isso torna-se interessante investigar, identificar e perceber todas as iguarias musicais de estilos vários que se digerem no cerne do próprio Hip Hop.
A técnica do diggin’ só se adquire com a experiência, já que é o tempo quem ensina as melhores dicas para se desvendar se um disco é bom ou não. A capa pode ser um indicador da valia do disco. A ficha técnica também. O ano, a latitude, a editora, são sempre aspectos importantes e a ter-se em conta. No entanto, o erro assumidamente faz parte da vida de um digger. Há quem ouça os discos antes de os comprar, mas nem sempre isso é possível. E depois há o gosto e a educação que se fomenta e provém da leitura de revistas e livros sobre música. Neste ponto, é incontornável não referir a bíblia de qualquer digger: a “Wax Poetics”.

A importância e o tributo que se pode prestar aos diggers é o de conseguirem redescobrir um artista já esquecido, recuperarem-lhe o culto e trazerem-no de novo para a ribalta, de modo a que o seu trabalho seja redescoberto e reapreciado. Há uma enorme gratidão de muitos artistas para com os diggers. Reconhecem-lhes o benefício, gostam de ser samplados. Demonstrando sensibilidade e permitindo a extensão das fronteiras sonoras, os artistas simpatizam com as homenagens que lhes são feitas, não se rebelando contra as recriações e renovações das suas músicas. Inclusive há casos de artistas e bandas que regressam ao activo em virtude do diggin’. Forma-se e desenvolve-se um novo mercado impulsionado pelos diggers como é exemplo a criação de lojas ou editoras dedicadas à reedição de discos.



Os diggers são cultores da descoberta, desenterram os tesouros sonoros que o tempo ocultou, na missão de compreenderem e conhecerem a música. O diggin’ é uma arte que deve ser estimada, respeitada, admirada, valorizada, pois é enorme o amor, a dedicação e o benefício que um digger oferece à música. Um digger é dotado de elevada nobreza e sensibilidade. Senão vejamos: submete-se a procurar música nos sítios mais improváveis, descobre artistas de quem o tempo já não guarda lembrança, possibilita que a música e o artista sejam devolvidos ao conhecimento do público, havendo ainda o bónus da obra recuperar vitalidade e ser investida de uma nova actualização. O diggin’ é uma arte de pleno direito e completamente meritória. E a (re)descoberta do passado é a acendalha perfeita para todos os melomaníacos.