Comummente, surgem algumas celeumas no universo Hip Hop. Ora por rimas que são ditas, ora porque alguém era underground e virou comercial, ora porque há personalidades que colidem, ora porque um produtor usou um mesmo sample que outro já tinha usado. É exactamente este último ponto que me faz bater os dedos no teclado hoje. Será que quando um produtor usa um sample nunca mais outro produtor deve usar esse sample? Será que se justifica que seja novamente utilizado?
Em primeiro lugar, o Hip Hop prima e primará sempre pela liberdade. Desse modo, creio que é perfeitamente normal e legítimo que um mesmo sample seja a ferramenta de trabalho de todos os que queiram poli-lo. Em segundo lugar, entendo que a criatividade é fundamental nesta cultura. Logo, qualquer produtor que se preze, munido da sua arte e engenho, procurará pegar num trecho de uma música de modo a obter dali uma peça exclusiva. Assim, dificilmente serão criados instrumentais iguais e não haverá lugar para suspeitas de usurpação de ideias. Quem labora com um mesmo sample é alguém que com outra experiência e sensibilidade artísticas tentará imprimir o seu toque pessoal na obra, conferindo a sua valia técnica e reinventando outras possibilidades musicais. São ridículas algumas polémicas que se levantam que nem poeira, toldando as pessoas da verdadeira realidade: cada produtor possui as suas ideias e processos criativos próprios ao engendrar um instrumental e não é justo que os sucessores do primeiro produtor a usar determinado sample sejam apelidados de imitadores.
Para justificar o que atrás referi, trago-vos três instrumentais que se basearam na mesma música. O tema samplado é “Let The Dollar Circulate” de Billy Paul, que foi incluído no álbum «When Love is New» de 1975. Billy Paul nasceu a 1 de Dezembro de 1934, em Filadélfia. Começou precocemente a cantar e nos anos 50 e 60 já fazia companhia em palco a muitos dos grandes nomes da cena musical norte-americana. Coleccionou sucessos, fazendo uma notável carreira nos domínios da Soul e do R&B com canções como “Me & Mrs. Jones”, “Let ‘Em In”, “Your Song”, “Only The Strong Survive” e “Thanks For Saving My Life”.
O primeiro instrumental que apresento é da autoria de 9th Wonder. Destacadíssimo produtor da Carolina do Norte, 9th Wonder já colaborou com alguns dos mais meritórios artistas do Hip Hop norte-americano. Granjeou o reconhecimento do público fazendo parte do grupo Little Brother. 9th Wonder é um fiel discípulo de produtores como Pete Rock e Premier. Neste instrumental, a Nona Maravilha conseguiu um resultado soberbo. É carregar no play e confirmar.
O segundo instrumental é uma cortesia de J Dilla. Já teci algumas considerações sobre J Dilla aqui. Artista de mão cheia, não necessita de apresentações. Forneceu este beat a Steve Spacek, inglês que cruza géneros vários mas sempre norteado pela Soul, onde se assume como um ponta-de-lança. A canção é estrondosa e faz parte do álbum “Spaceshift”, lançado em 2005 pela editora Sound In Color, sediada em Los Angeles.
O terceiro instrumental foi uma descoberta casual que fiz no youtube. O produtor é um perfeito desconhecido. No entanto, o resultado final é muito bom e merece absolutamente uma audição. Tony Tato é assim que se apresenta.
O que pretendi relevar aqui é que, desde os nomes maiores da produção de batidas a nível mundial como 9th Wonder e J Dilla até completos anónimos como Tony Tato, todos eles realizaram instrumentais belíssimos e distintos apesar de terem usado o mesmíssimo sample. Em suma, estes produtores trabalharam a mesma amostra à sua maneira, sendo que os instrumentais, precisamente por essa diferença, mostraram-se transbordantes de sublimidade, acentuando a multiplicidade de soluções criativas que um único sample oferece.
Em primeiro lugar, o Hip Hop prima e primará sempre pela liberdade. Desse modo, creio que é perfeitamente normal e legítimo que um mesmo sample seja a ferramenta de trabalho de todos os que queiram poli-lo. Em segundo lugar, entendo que a criatividade é fundamental nesta cultura. Logo, qualquer produtor que se preze, munido da sua arte e engenho, procurará pegar num trecho de uma música de modo a obter dali uma peça exclusiva. Assim, dificilmente serão criados instrumentais iguais e não haverá lugar para suspeitas de usurpação de ideias. Quem labora com um mesmo sample é alguém que com outra experiência e sensibilidade artísticas tentará imprimir o seu toque pessoal na obra, conferindo a sua valia técnica e reinventando outras possibilidades musicais. São ridículas algumas polémicas que se levantam que nem poeira, toldando as pessoas da verdadeira realidade: cada produtor possui as suas ideias e processos criativos próprios ao engendrar um instrumental e não é justo que os sucessores do primeiro produtor a usar determinado sample sejam apelidados de imitadores.
Para justificar o que atrás referi, trago-vos três instrumentais que se basearam na mesma música. O tema samplado é “Let The Dollar Circulate” de Billy Paul, que foi incluído no álbum «When Love is New» de 1975. Billy Paul nasceu a 1 de Dezembro de 1934, em Filadélfia. Começou precocemente a cantar e nos anos 50 e 60 já fazia companhia em palco a muitos dos grandes nomes da cena musical norte-americana. Coleccionou sucessos, fazendo uma notável carreira nos domínios da Soul e do R&B com canções como “Me & Mrs. Jones”, “Let ‘Em In”, “Your Song”, “Only The Strong Survive” e “Thanks For Saving My Life”.
O primeiro instrumental que apresento é da autoria de 9th Wonder. Destacadíssimo produtor da Carolina do Norte, 9th Wonder já colaborou com alguns dos mais meritórios artistas do Hip Hop norte-americano. Granjeou o reconhecimento do público fazendo parte do grupo Little Brother. 9th Wonder é um fiel discípulo de produtores como Pete Rock e Premier. Neste instrumental, a Nona Maravilha conseguiu um resultado soberbo. É carregar no play e confirmar.
O segundo instrumental é uma cortesia de J Dilla. Já teci algumas considerações sobre J Dilla aqui. Artista de mão cheia, não necessita de apresentações. Forneceu este beat a Steve Spacek, inglês que cruza géneros vários mas sempre norteado pela Soul, onde se assume como um ponta-de-lança. A canção é estrondosa e faz parte do álbum “Spaceshift”, lançado em 2005 pela editora Sound In Color, sediada em Los Angeles.
O terceiro instrumental foi uma descoberta casual que fiz no youtube. O produtor é um perfeito desconhecido. No entanto, o resultado final é muito bom e merece absolutamente uma audição. Tony Tato é assim que se apresenta.
O que pretendi relevar aqui é que, desde os nomes maiores da produção de batidas a nível mundial como 9th Wonder e J Dilla até completos anónimos como Tony Tato, todos eles realizaram instrumentais belíssimos e distintos apesar de terem usado o mesmíssimo sample. Em suma, estes produtores trabalharam a mesma amostra à sua maneira, sendo que os instrumentais, precisamente por essa diferença, mostraram-se transbordantes de sublimidade, acentuando a multiplicidade de soluções criativas que um único sample oferece.
Mais um grande post, penso que ja sabem vai na base do que escrevi em outros post sobre sampling, não á limites, e é mais do que normal samples serem usasdos e abusados das mais diversas formas, isto porque hoje a tecnologia assim o permite, dai no limits, depende tudo do skills que o produtor tem, aqueles que tem essas tecnicas apuradas bem utilizam samples ja usados e crião algo completamente novo que todos ficam a pensar mas de onde tiraste isto, quando na verdade é um sample já super utilizado.
ResponderEliminarBom Post.
Abraço.
Como sample vocal, tens o exemplo do Ayatollah, que também usou a mesma música:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=E3zIMYjbkco
Engraçado saber de onde veio, por acaso é dos poucos beats do Ayatollah que consigo curtir (ele é claramente daqueles produtores que só funcionam com um mc em cima, caso contrário fica muito chato e repetitivo).
Grande post Druco
Exacto, Raízes, não há mesmo limites. Um produtor pode pegar num sample já bastante utilizado e conseguir dar completamente a volta ao texto de modo a que poucos o reconheçam. E assim traz algo de novo.
ResponderEliminarO Ayatollah tem feito beats interessantes. Mas também é verdade que as batidas de vários produtores só soam completas quando têm as rimas em cima.
Obrigado a ambos. Cumprimentos!
Bom post!
ResponderEliminarAté que enfim um leio texto em português sobre este tema em que consigo concordar com cada palavra.
Cumps.