Procuras ardentemente vinis em segunda mão? Frequentas feiras onde coabitam as mais diversas velharias? Não te importas de sujar as mãos e entupir as vias respiratórias com pós irritantes? Arriscas-te a descer rumo a caves atulhadas, escuras e pouco arejadas? Tens cedido à tentação de revelar os teus spots secretos aos amigos por mais que eles to peçam? Se respondes-te sim às sucessivas perguntas, parabéns, estás oficialmente infectado pelo vírus do beat diggin’!
Procurar a batida perfeita implica aceder a um mundo restrito à maioria das pessoas, repleto de pilhas e de caixotes ávidos por serem remexidos, de modo a terem novamente vida. O pó que se gruda aos dedos é uma insignificância, um mal menor, perante a possibilidade de se encontrar aquele holy grail com que se sonhava e que tanta inveja faria a quem nunca o encontrou ou, pior, a quem pagou um balúrdio por ele numa loja de discos. O diggin’ é uma arte da persistência, da procura constante, que balança entre a desilusão de não se achar disco algum que desperte interesse, num dia, e o júbilo de se desenterrar, mais tarde, um tesouro que alguém negligentemente deixou à mercê do manto de esquecimento do tempo.
Procurar a batida perfeita implica aceder a um mundo restrito à maioria das pessoas, repleto de pilhas e de caixotes ávidos por serem remexidos, de modo a terem novamente vida. O pó que se gruda aos dedos é uma insignificância, um mal menor, perante a possibilidade de se encontrar aquele holy grail com que se sonhava e que tanta inveja faria a quem nunca o encontrou ou, pior, a quem pagou um balúrdio por ele numa loja de discos. O diggin’ é uma arte da persistência, da procura constante, que balança entre a desilusão de não se achar disco algum que desperte interesse, num dia, e o júbilo de se desenterrar, mais tarde, um tesouro que alguém negligentemente deixou à mercê do manto de esquecimento do tempo.
Ser-se um digger é ser-se distinto de um coleccionador de discos. O digger tem uma espécie de técnica diferente e interesses particulares que o levam a obter um determinado disco. Um coleccionador é, por exemplo, aquele que tem preocupações ao nível do número do catálogo. É um pouco complexo delimitar as fronteiras por forma a fazer-se a distinção entre um e outro, pois digger e coleccionador são perfeitamente compatíveis na mesma pessoa. A curiosidade pela música é a maior alavanca para um digger. Ela estende-se a todas as melodias. Qualquer digger de boa índole jamais comete o crime de desprezar género musical algum, assim como não se rege por balizas temporais já que qualquer período é digno de ter música de qualidade. Impregnado nos genes de cada digger estará também certamente o gosto pela cultura dos samples, no sentido de se perceber quem usou o quê e onde terá determinado produtor bebido inspiração para as suas criações.
“O Hip Hop começou com o conceito de cortar discos velhos e rimar sobre eles. E, antes disto, rimar sobre qualquer coisa”. Diamond D sintetiza aqui a importância do diggin’ para o Hip Hop. A beleza está em ressuscitar velhos mas preciosos pedaços de música, torná-los actuais e cedê-los aos mc’s para que eles debitem as suas rimas. Isto é o Hip Hop, isto será sempre o Hip Hop. Através do diggin’, os produtores de Hip Hop processam a reactualização do antigo, a música outrora esquecida é restituída ao mundo. O culto pelo vinil deriva essencialmente da natural paixão pela música, mas não só. O diggin’, para lá do simples deleite ou coleccionismo musicais, é uma actividade que se revela imprescindível para que produtores de Hip Hop e DJ’s obtenham os seus instrumentos de trabalho. É que em cada rodela de vinil podem estar ocultados diamantes capazes de fornecer o carburante ideal para que os mais audazes, perspicazes e criativos fazedores de batidas provoquem um incêndio sonoro inextinguível. Boa parte dos produtores de Hip Hop mantêm-se fiéis à tradição do sampling, considerando-a como a mais pura das essências. Definitivamente, samplar é homenagear. No caso dos DJ’s, os discos antigos servem para enriquecer os seus sets com aquelas relíquias musicais, que provocam o orgasmo auditivo fruto do contacto entre a agulha e o disco. E passar discos encontrados no terreno é o maior dos orgulhos.
O diggin’ é uma arte que almeja exclusivamente a obtenção de música antiga, sendo que esta é naturalmente sinónimo de vinil. Qualquer digger experiente já sentiu nas mãos o plástico de uns bons milhares de discos. Todavia, é importante salientar que a colecção de um digger não é estática, ela evolui continuamente. Em muitos casos, é a fome do intelecto que impulsiona as pessoas a aderirem ao diggin’. O Hip Hop contribuirá fortemente para que muitos enveredem pelo diggin’, ou por necessidade de material para produzir batidas ou pelo simples atractivo de se colocar ao lado dos álbuns de Hip Hop aqueles discos que lhes serviram de alicerce criativo. É incontornável não nos sentirmos seduzidos em cultivar a indagação das raízes, buscando os samples originais. O Hip Hop é uma espécie de género musical omnívoro, que se alimenta de todos os sons, e por isso torna-se interessante investigar, identificar e perceber todas as iguarias musicais de estilos vários que se digerem no cerne do próprio Hip Hop.
A técnica do diggin’ só se adquire com a experiência, já que é o tempo quem ensina as melhores dicas para se desvendar se um disco é bom ou não. A capa pode ser um indicador da valia do disco. A ficha técnica também. O ano, a latitude, a editora, são sempre aspectos importantes e a ter-se em conta. No entanto, o erro assumidamente faz parte da vida de um digger. Há quem ouça os discos antes de os comprar, mas nem sempre isso é possível. E depois há o gosto e a educação que se fomenta e provém da leitura de revistas e livros sobre música. Neste ponto, é incontornável não referir a bíblia de qualquer digger: a “Wax Poetics”.
A importância e o tributo que se pode prestar aos diggers é o de conseguirem redescobrir um artista já esquecido, recuperarem-lhe o culto e trazerem-no de novo para a ribalta, de modo a que o seu trabalho seja redescoberto e reapreciado. Há uma enorme gratidão de muitos artistas para com os diggers. Reconhecem-lhes o benefício, gostam de ser samplados. Demonstrando sensibilidade e permitindo a extensão das fronteiras sonoras, os artistas simpatizam com as homenagens que lhes são feitas, não se rebelando contra as recriações e renovações das suas músicas. Inclusive há casos de artistas e bandas que regressam ao activo em virtude do diggin’. Forma-se e desenvolve-se um novo mercado impulsionado pelos diggers como é exemplo a criação de lojas ou editoras dedicadas à reedição de discos.
Os diggers são cultores da descoberta, desenterram os tesouros sonoros que o tempo ocultou, na missão de compreenderem e conhecerem a música. O diggin’ é uma arte que deve ser estimada, respeitada, admirada, valorizada, pois é enorme o amor, a dedicação e o benefício que um digger oferece à música. Um digger é dotado de elevada nobreza e sensibilidade. Senão vejamos: submete-se a procurar música nos sítios mais improváveis, descobre artistas de quem o tempo já não guarda lembrança, possibilita que a música e o artista sejam devolvidos ao conhecimento do público, havendo ainda o bónus da obra recuperar vitalidade e ser investida de uma nova actualização. O diggin’ é uma arte de pleno direito e completamente meritória. E a (re)descoberta do passado é a acendalha perfeita para todos os melomaníacos.
Os diggers são cultores da descoberta, desenterram os tesouros sonoros que o tempo ocultou, na missão de compreenderem e conhecerem a música. O diggin’ é uma arte que deve ser estimada, respeitada, admirada, valorizada, pois é enorme o amor, a dedicação e o benefício que um digger oferece à música. Um digger é dotado de elevada nobreza e sensibilidade. Senão vejamos: submete-se a procurar música nos sítios mais improváveis, descobre artistas de quem o tempo já não guarda lembrança, possibilita que a música e o artista sejam devolvidos ao conhecimento do público, havendo ainda o bónus da obra recuperar vitalidade e ser investida de uma nova actualização. O diggin’ é uma arte de pleno direito e completamente meritória. E a (re)descoberta do passado é a acendalha perfeita para todos os melomaníacos.
Digging e sampling é uma arte sem duvida alguma, e passa muito por saberes se estas a sentir determinado sample e saber como o vais aplicar seja em loop ou chop, se tens noções de sampling melhor, ouvir cada faixa de um álbum á procura dos melhores samples já é banal porque a maioria dos álbuns já foram vistos e revistos por os mais diversos artistas a major labels.
ResponderEliminarMas com a tecnologia digital tudo mudou e fez com que ferramentas como Pro Tools e controlers digitais sejam armas implacáveis essenciais em cada projecto alterando a forma como muitos samples hoje são reutilizados e utilizados das mais diversas formas, quando se trata de Chop Chop, á uma infinidade de possibilidades, nunca vai haver fronteiras, o que torna cada vez mais difícil de alguém reconhecer a origem do sample, por isso é arte escolher um sample ou conj deles assim como saber o cortar, vai muito para lá do ouvido, começa nas raízes e vontade de querer fazer algo idêntico.
Mais um optimo Post com pano para mangas, agora falta é ver mais costureiros a comentarem .
Abraço.
Já ando a seguir o blog à algum tempo, excelente trabalho. Não tenho nada a acrescentar! 5 estrelas!
ResponderEliminarAbraço
Raízes Urbanas:
ResponderEliminarEstou de acordo com tudo o que escreveste. Nunca vai haver fronteiras para a criatividade.
DarkSunn:
Obrigado pelas palavras, elas são sempre bem-vindas e funcionam como um estímulo para continuar a escrever.
Cumprimentos para ambos!
muito bom!!!
ResponderEliminar...
keep diggin!!!