Mas se à beira-rio se aguardava o estrear de novos temas de Mundo, mais acima, na zona do Bolhão - no PinUp Bar, mais concretamente - engendrava-se as boas-vindas a Regula, que viu pela primeira vez a cidade do Porto abrir-lhe os braços para um concerto seu. Os padrinhos de Regula foram os elementos do colectivo 714, que tinham também em vista a apresentação do seu EP intitulado "Hipnose". Do cartaz constavam igualmente DJ Cyber e DJ Godzi.
E foi este último disck-jockey (que também se exercita no b-boying) que se encarregou de pôr as colunas a trabalhar, fazendo uso de um set onde abundaram malhas assinadas por DJ Premier, numa escolha segura e fiável para aquecimento de qualquer festa de Hip Hop. Enquanto DJ Godzi rodava os discos nos pratos o público ia obviamente chegando, mas a um ritmo muito vagaroso, diga-se. De facto, com a abertura de portas marcada para as 23h, o preenchimento da sala deu-se a uma velocidade bastante lenta e só a partir da uma da manhã é que se começou a ter noção de uma razoável concentração de gente no espaço.
As actuações arrancaram perto da 1h30, mas ao contrário do esperado, o cabeça de cartaz da noite foi o primeiro a exibir-se. Chamado por Danilo (do grupo 714), Regula entrou discretamente no palco, pegou no mic e deu início a uma performance intensa mas que pecou por ser algo curta. Visivelmente satisfeito por estar na Cidade Invicta, Bellini a.k.a. Regula deu o mote com "+ Uma Vez" e desde logo foi bafejado com o calor que provinha da multidão. Na mesa dos pratos instalou-se um dos convidados surpresa: DJ Kronic. Do alinhamento surgiram os temas que fizeram de Regula um dos nomes mais pesados do rap underground nacional. Sem grandes descansos, Bellini revisitou os seus dois álbuns e, claro está, os dois volumes da série em formato mixtape "Kara Davis".
Carismático e descontraído, o rapper oriundo do Catujal só oscilou a dada altura quando falhou numa letra, mesmo assim, desculpou-se partindo para uma acappela cheia de rimas e flow ao melhor estilo de Regulation. Escusado será dizer que o perdão surgiu em forma de aplausos. A actuação prosseguiu com passagens por malhas tão quentes como "Cake" ou a faixa que pôs Regula a cuspir em cima do famoso beat de "A Milli". Por outro lado, alguns dos sons mais reconhecidos - como "Especial"(o seu single mais rodado nos media) ou "Rewind" - não se ouviram no Pin Up. O facto de Regula não ter completado sequer uma hora em palco fez com deixasse um certo sabor agridoce em quem aguardou tantos anos para o ver e ouvir ao vivo e a cores.
Com os ponteiros do relógio a rondar as duas e meia da manhã, o colectivo da casa apoderou-se dos microfones e consequentemente do palco. 714 é o número de eleição de uma crew que se estende por várias vertentes, como o graffiti e o rap. Neste último caso, Danilo, Roke e Stag são os elementos representantes do grupo portuense. Estimulados pelos seguidores que se instalaram na frente do palco, os três MC's partiram para uma performance regular, de onde extraíram um evidente gozo e satisfação. É certo que o público esvaziou bastante o recinto, mas o jovem trio não se mostrou incomodado com a debandada. Tendo como "desculpa" o EP "Hipnose", os 714 desfilaram sons como "Monstro das Bolachas", onde se revelaram rebeldes e seguros de mic na mão e, apesar da fragilidade de algumas letras, com um flow consistente e maduro. Como prova do carácter multifacetado do colectivo, ainda guardaram alguns minutos para uma sessão de beatbox e improviso.
Em suma, foi uma noite que valeu pela oportunidade de testemunhar in loco, e pela primeira vez no Porto, um show de Regula, que se fez valer de uma entrega inatacável ao longo de todos os cartuchos sonoros que disparou sucessivamente durante cerca de 45 minutos (que, apesar de tudo, souberam a pouco). O colectivo 714 não esteve abaixo do MC lisboeta a nível de entrega e disposição em palco, mas saiu claramente penalizado por actuar depois de Regula. Por imposição deste último ou por opção da organização, a verdade é que é pouco usual a grande atracção do espectáculo surgir a abrir o mesmo. Nota positiva em termos de adesão do público, apesar da forte concorrência à mesma hora noutras paragens. Uma última palavra de incentivo e agradecimento aos jovens da crew 714 pela organização e pelo poder de iniciativa que perpassaram.
Muito Loko continue assim.
ResponderEliminarhttp://hiphopactivistface.blogspot.com/
hip hop face.
segue lá
Sempei sozinho a representar o HHPulsação! YEEEEAH!
ResponderEliminarSó uma correcção: não é "mídia" mas sim «media».
nao ha mais noticias sobre esta crew?
ResponderEliminarNao sabem se há mais concertos dos 714? Abc
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