terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ex-Peão & Os Infiltrados, Gangrene @ Hard Club (04/02/2011)

Na primeira grande festa de Hip Hop do ano no Hard Club (a última havia sido em Dezembro, aquando da visita de M.O.P., entre outros) voltou a haver correria ao antigo Mercado Ferreira Borges, onde se perfilavam as performances de Ex-Peão & Os Infiltrados e o nome maior da noite Gangrene (que junta The Alchemist a Oh No). Os DJ´s para os tempos mortos foram, mais uma vez, D-One e SlimCutz. Ao contrário do que constava inicialmente do cartaz do evento (entretanto modificado), Rey, Rato54 e Ortega não pisaram o palco da maior sala do Hard Club.

Da abertura das portas até ao começo das actuações distaram mais de duas horas. Foi esse o tempo que durou o warm up da festa, altura em que DJ SlimCutz manuseou o aquecedor sonoro a.k.a. mesa dos pratos e bafejou pelas colunas um set por si delineado (com uma sequência de sons reconhecível de outras noites). Perto das duas e meia da manhã, com a casa já bem povoada (embora algo distante da lotação máxima), Mundo Segundo (o host da noite) fez uso da palavra para convocar Ex-Peão & Os Infiltrados. Havia alguma curiosidade à volta da exibição de Ex-Peão muito por culpa dos denominados "Os Infiltrados". Em palco dispuseram-se dois guitarristas, um baixista e um baterista, complementados por DJ Guze (Dealema). Na verdade, este é um registo ao qual Ex-Peão está acostumado, visto que, apesar de ser reconhecido como MC/produtor Dealemático, desde cedo se incorporou em grupos de rock/metal. Agora imagine-se o repertório de Ex-Peão derramado ao vivo por uma banda com forte tendência para o rock...

O primeiro tema a escutar-se foi "Máscara". Estava dado o mote para um espectáculo interessante de Ex-Peão, que fluiu naturalmente (foi visível o à vontade do portuense como vocalista do grupo) e com aparente agrado no público. Palpando faixas como "Real e Verdadeiro" ou "Pombas Brancas da Cidade", Ex-Peão teve em "Bairro" uma das passagens mais fervorosas do show. Fuse surgiu a certa altura em cena mas apenas para participar num único som ("Sente o Impacto"). A terminar, Ex-Peão arriscaria ainda uma incursão pela faixa "Expulso da Discoteca", do seu disco "Máscara". A performance do MC de Dealema não foi muito longa mas valeu por ter empregue uma sonoridade mais tocada, orgânica e crua nos seus sons. Fica a sugestão para que repita mais vezes este registo de live band.

Pausa nas actuações, DJ-One tomou de assalto a mesa dos discos e, à semelhança de SlimCutz, também ele se encarregou de manter a sala animada enquanto se aguardou a entrada de Alchemist e Oh No. Os dois MC's/produtores americanos avistaram-se pouco antes das quatro da matina quando surgiram de lanternas na mão, irrompendo pela escuridão que entretanto se instalara propositadamente no palco. Desde o primeiro minuto a dupla Gangrene primou por uma enorme comunicação com a plateia, com particular destaque para Alchemist, que se mostrou sempre mais interventivo e efusivo do que o irmão do lendário Madlib. Do alinhamento que apresentaram há muito para contar. Desde logo as faixas do disco que os trouxeram em tour pela Europa e consequentemente até ao Hard Club. De "Gutter Watter" realce-se a recepção calorosa ao single "Not High Enough" e a forte interpretação em temas como "From Another Orbit" ou "Take Drugs". Antes, já "Under Siege" (do segundo álbum de ALC) se escutara bem no começo do concerto.

Mas Alchemist e Oh No tinham muito mais para mostrar fora do âmbito de Gangrene. Alchemist, por exemplo, fez questão de invocar Evidence a partir do som "All Said & Done". Mais à frente, Jay Dilla também mereceria uma menção honrosa com uma sequência de instrumentais de sua autoria, entre os quais "Fuck The Police". Para além de se exercitarem no mic, Alchemist e Oh No partilham igualmente o gosto pela produção. Ora a certa altura desencadeou-se uma espécie de battle. O processo era simples e estava mais do que estudado: alternadamente, e a pedido de ambos, DJ Mishaps solta uma série de beats produzidos pelos dois. Oh No tinha em carteira temas de "Dr. No's Oxperiment", enquanto que ALC desembrulhou clássicos produzidos para Dilated Peoples, por exemplo. Se tivesse de se eleger um vencedor nessa batalha instrumental em termos de reacção no público ele teria sido, sem dúvida, Alchemist.

Todo o show foi pautado por uma atmosfera enérgica formidável, tendo ambos os MC's se esmerado por contagia-la a todos os presentes. Antes da retirada do palco, dois dos momentos altos da noite, na hora de se ouvirem dois dos temas que mais moldaram o sucesso de Alchemist em toda a sua carreira. Primeiro a grande malha que fabricou para Prodigy, "Keep It Thoro", que surgiu após vários gritos de "Free P" em uníssono. De seguida, "Hold You Down" (o maior hit da discografia pessoal do carismático produtor da Califórnia) incendiou completamente o Hard Club. Após uma breve saída de cena, Alchemist e Oh No regressaram para um encore esperado, trazendo mais algumas faixas como "So Fresh" (do projecto Step Brothers - parelha de ALC com Evidence) para gáudio da plateia. Não se estranhe que a maioria do concerto tenha sido dedicado ao material pertencente a Alchemist, visto que este tem mais anos de actividade do que Oh No. Nova fuga para o backstage... novo regresso. Desta vez, já com mais de metade do público na rua, Oh No ocupou o lugar de DJ enquanto que ALC, sozinho na frente do palco, se encarregou de manter as hostes despertas com mais uma panóplia de canções com o seu cunho pessoal ou de Oh No. Pouco depois retiraram-se em definitivo deixando DJ Mishaps dominar os pratos até às 6h00.

As noites de Hip Hop no Hard Club já (re)começaram a ser uma rotina saudável na Cidade Invicta. Na sexta-feira, dia 4 de Fevereiro, Ex-Peão começou por protagonizar um concerto diferente do habitual mas de longe satisfatório. Gangrene é um nome que pretende paulatinamente vincar uma posição no rap contemporâneo. Alchemist e Oh No serão mais reconhecidos pelo talento para os beats do que para os microfones, mas arriscaram surgir com um disco com parâmetros nem sempre fáceis de digerir. Talvez por isso (mas não só), a esmagadora maioria das pessoas que se deslocaram à sala 1 do Hard Club fê-lo com pretensões de ouvir os grandes sons da discografia de Alchemist (sobretudo) e de Oh No e não propriamente as músicas com a rubrica Gangrene. De qualquer maneira, no fim das contas, saldo extremamente positivo para todo o elenco desta noite fria de Fevereiro.

Um último apontamento para dizer que Alchemist & Oh No foram apenas mais dois nomes internacionais que ultimamente visitaram Portugal, e nomeadamente o Porto, pelas mãos da Versus Eventos, que se vem posicionando na vanguarda no que a grandes cartazes de Hip Hop diz respeito. O próximo evento desta promotora está selado para 5 de Março. E Alchemist tem já regresso previsto para este ano de 2011...

8 comentários:

  1. Sem tirar merito á grande reportagem! eram dois guitaristas e um baixista que acompanhou o expeao ao vivo.

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  2. Pareceu ter sido mais uma grande noite no HC! Pena que eu não tenha conseguido ir :/ Mas Sempei lá esteve a representar o HHPulsação! ;)

    A Versus Eventos está em grande! Nomes de peso que tem trazido a Portugal! Muito bom.

    Grande abraço mano S*! :)

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  3. P.S.: essa foto do Alc com o fumo está louca! :D

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  4. Obrigado 'anónimo' pela correcção! ;)

    Foi mais uma grande festa, sem dúvida! Mais virão!


    Cumprimentos a ambos!

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  5. só para exclarecer que a banda consiste em 2 guitarristas - bruno silva e guito maldiva, .um baixista - sandro e um baterista - tiago pinto. dj guze esteve nos pratos.

    só para confirmar que os unicos erros da reportagem são:
    e a primeira musica foi a MASCARA e nao PÓS MODERNOS.
    e a ultima musica chama-se expulso da discoteca do album MASCARA de 2006 - faxa escondida. e nao do album de remisturas.

    obrigado

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  6. Obrigado mais uma vez. De qualquer maneira, ficam aqui as minhas desculpas por essas falhas.


    Abraços

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  7. Bela Imagem essa com o fumo ;)

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  8. Ehehe obrigado! São momentos que se captam :)

    Abraço

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