sábado, 12 de dezembro de 2009

Red Bull BC One USA 2009

Red Bull BC One é um dos maiores espectáculos de B-Boying do mundo, sendo mesmo considerado o grande baluarte dos confrontos denominados one-on-one. Para os que tão pouco conectados com o assunto, basta dizer que dois B-Boys se defrontam em batalhas de duas ou três rondas, onde expõem todo um leque de movimentos, acrobacias (que possuem os seus nomes técnicos), num composto de criatividade, estilo e skills, com o intuito de deslumbrar a plateia mas, sobretudo, convencer os júris (afinal são estes que decidem). Isto tudo porque está em jogo, além do prestígio e brio internacionais, um cinto imponente, vistoso e portador da mística dos mais possantes e bem sucedidos. Para o vencedor, o direito de ostentar o dito objecto durante um ano, ou seja, até à edição seguinte. Curiosamente, após vencer a competição em 2005, Lilou (que representa a França e a Argélia) não mais devolveu o cinto à organização, defendendo-se com a tese de que se o entregasse não teria como saborear o título conquistado...

Foi em 2004 que a Red Bull organizou o primeiro BC One, instalando-se na Suiça e consagrando o americano Omar como o primeiro campeão, numa final contra o compatriota Ronnie - um dos símbolos do Red Bull BC One. Um ano volvido, Berlim presenteou Lilou com o tão desejado cinto, após duelo final contra Hong 10. Mas não demorou muito até o sul-coreano arrecadar o título. Foi na edição seguinte, no Brasil, que Hong 10 superou todos os outros B-Boys, batendo Ronnie (EUA) no derradeiro combate. Curiosamente, também o americano haveria suplantar essa derrota com o título de campeão um ano depois, na África do Sul. Em 2008, Paris premiou outro sul-coreano, o habilidoso Wing, após uma final asiática contra o japonês Taisuke.

Neste ano de 2009, o Red Bull BC One já se previa especial muito antes de se conhecerem os B-Boys em competição. Isto porque o solo do Hammerstein Ballroom, em Manhattan, Nova Iorque, foi o piso escolhido para receber as carícias dos 16 Break-Boys de 11 países de todo o globo. Pela primeira vez na sua curta história, o Red Bull BC One decidiu embalar (ou abalar) a cidade berço do Hip Hop, e só por isso esta seria, certamente, uma edição com outro sabor para os participantes. Os fãs do evento, ávidos por degustar a espectacularidade do mesmo, vazaram os bilhetes em 30 minutos. O grande momento foi assinado a 18 de Novembro. Moldada a arena que receberia os B-Boys, alinhado o quadro de combates, abertas as portas aos fãs e, de seguida, lotadas as bancadas, batia a hora do início do show.


O grande host da noite foi, naturalmente, o primeiro a pisar o recinto. Envergando "The Emcee" nas costas, KRS-One abriu a cortina de euforia da plateia, quando iluminou o clássico "Step into a World (Rapture's Delight)". O boom-bap nova-iorquino a aguçar o apetite de todos os aficionados presentes. Seguiu-se DJ DP One, o disk-jokey contratado para ofertar a banda-sonora da noite. Um a um, os júris foram entrando ordenados pela chamada: Ronnie (EUA), Katsu (Japão), Float (lenda americana da década de 80), Cico (Itália) e Salah (França). Logo a seguir, os artistas mais aguardados pelo público circundaram a pista, sendo apresentados um a um. Minutos depois, o show começou.

Ao grito de "Let the battle begin" da voz rouca do 'professor' KRS-One, os B-Boys foram desfilando o seu portfólio acrobático. Como cada combate tem uma história diferente (embora guiões semelhantes), seguem-se as imagens de todos os rounds do Red Bull BC One 2009:
Oitavos-de-final

Neguin (Brasil) 4-1 Lagaet (Portugal)


Na abertura dos confrontos, nada melhor que um duelo em português, entre dois estreantes na competição. Lagaet (Momentum Crew) carregou nos ombros a relevância de ser o primeiro luso a competir pelo título BC One. Originário de Santa Catarina, Neguin (Tsunami All Stars) também nunca tinha pisado o palco da Red Bull. Após pouco mais de dois minutos (regados com músicas de Eric B & Rakim e Barry White), os júris renderam-se à mescla de capoeira e breakdance do brasileiro Neguin, oferecendo-lhe uns contundentes 4 votos, contra apenas 1 de Lagaet. A estreia do jovem professor de dança português esgotou-se na primeira eliminatória, todavia, a grande réplica oferecida a Neguin não o desprestigiou de maneira alguma.

Menno (Holanda) 4-1 Kid Glyde (EUA)


Seguiram-se Menno e Kid Glyde. Este último, B-Boy da crew Dynamic Rockers (consagrada na última EuroBattle em Portugal), também em estreia, actuou em casa, mas nem esse factor o fez sobressair do adversário. O holândes Menno registou a seu favor o mesmo resultado do duelo de abertura: 4-1.

Cloud (EUA) 5-0 Kaku (Japão)


No terceiro combate, o japonês Kaku (Mortal Combat e Cube) optou quase sempre por divertir-se de cabeça para baixo. Perante isto, Cloud não sucumbiu e com toda a mestria levou o júri até às nuvens, que não podia ter sido mais esclarecedor na votação.

Flying Buddha (Rússia) 2-3 Differ (Coreia do Sul)


O quarto frente-a-frente foi tão renhido que Salah - um dos júris - viu-se obrigado a votar nos dois B-Boys, exigindo de seguida nova ronda para dissipar as suas dúvidas. O coreano Differ aproveitou a oportunidade para mandar para casa Flying Buddha, o Break-Boy (filho de pai coreano e mãe russa) que representa a nação onde nasceu, Ucrânia, juntamente com o país que o acolhe actualmente, a Rússia.

Morris (EUA) 4-1 Lil G (Venezuela)


Ao som de Big Daddy Kane, Lil G (da crew Speedy Angels Family - que também já triunfou em Portugal) pareceu inicialmente agarrar a plateia, mas segundos depois a versatilidade de Morris começou a somar pontos. No fim das contas, o B-Boy da West Coast averbou 4 e o venezuelano apenas 1.

Wing (Coreia do Sul) 3-2 Punisher (França)


O estreante Punisher foi baptizado pelo campeão em título Wing. O sul-coreano havia arrecadado no ano passado o cobiçado cinto, precisamente no país do seu adversário. A disputa foi morna, tendo sido o B-Boy asiático premiado com a vitória. Punisher ainda recebeu os dois primeiros votos, contudo, o mais matreiro, Wing, levou os três restantes.

Lil Ceng (Alemanha) 1-4 Thesis (EUA)


Thesis viajou de Seatle para Nova-Iorque carregando consigo o B.I. mais jovem em prova (começou no B-Boying aos 8 anos). Lil Ceng (elemento das crews Flying Steps e Style Crax) nasceu na Macedónia mas cresceu na Alemanha. Mais experiente nestas andanças, Lil Ceng alcançou na edição passada a semi-final. Desta vez, evaporou-se na primeira eliminatória, isto porque Thesis bateu-o por claros 4-1.

Lilou (Argélia) 5-0 Kolobok (Ucrânia)


Lilou é, indubitavelmente, um dos B-Boys mais carismáticos e divertidos no panorama actual. A sua história no Red Bull BC One é digna de registo: na primeira participação arrecadou logo o título; no total das seis edições (desde 2004) competiu em quatro delas, tendo sido convidado para júri em 2008. Nessa edição, Kolobok granjeou atingir as meias-finais. Este ano, Lilou começou desde logo a cilindrar os adversários. Kolobok foi apenas o primeiro.

Quartos-de-final

Menno (Holanda) 1- 5 Neguin (Brasil)

Depois de eliminar o português Lagaet, o representante brasileiro, que já averbou vários títulos no seu país, fez valer a sua maior irreverência para esmagar Menno (5-1, com 2 votos de um só júri), embora o holandês possua uma maior rodagem internacional (integra três colectivos: Mighty Zulu Kingz, Hustle Kidz e Def Dogz). Em 2007, Menno chegou mesmo a subir ao lugar mais alto do pódio de outra competição de alto gabarito: o UK B-Boy Championships.

Cloud (EUA) 5-0 Differ (Coreia do Sul)


Após vários segundos sem qualquer iniciativa dos dois B-Boys, Cloud assume os primeiros passos, numa demonstração de personalidade perante o sul-coreano Differ (T.I.P. e Seven Commandoz). Embora carreguem estilos semelhantes, a maior variedade e exuberância dos truques exibidos por Cloud pareceu facilitar a árdua tarefa dos jurados, que acabaram por ser unânimes no veredicto final. Contudo, esta terá sido uma das melhores batalhas.

Morris (EUA) 5-3 (4-1) Wing (Coreia do Sul)


Seguiu-se mais um grande desafio EUA-Coreia do Sul. E mais uma vez o americano saiu por cima (que disputa!). Antes do início do torneio, Morris tinha vincado o desejo de roubar o cinto de campeão a Wing. O frente-a-frente não se deu na final, antes nos quartos-de-final, acabando por ser uma batalha excitante, divertida, duradoura, e recheada de inúmeras provocações de parte a parte (saudáveis e normais nesta modalidade, diga-se). Tudo porque ambos se esmeraram e se exibiram a um grande nível, provocando no júri uma indecisão total. Contudo, a primeira (e supostamente única) contagem atribuiu a vitória a Morris por 5-3(!), mas ninguém parecia convencido. Então saiu mais uma ronda e, após o seu término, a confirmação da passagem do norte-americano.

Thesis (EUA) 2-5 Lilou (Argélia)


Todos os duelos onde alinha Lilou geram sempre grande expectativa. O 1-on-1 com Thesis não fugiu à regra. Mais uma oportunidade para o argelino (estabelecido em França) desfilar o seu talento como entertainer. Sete são os anos de diferença entres os dois B-Boys. Lilou é um peso-pesado destas competições. Embora já tenha arrecado alguns prémios internacionais, Thesis é um nome que poucos terão assente na memória. Como se previa, Lilou divertiu a plateia e foi novamente premiado pelos júris.

Semi-final

Cloud (EUA) 5-0 Neguin (Brasil)

Nas duas semi-finais previa-se emoção, espectáculo e êxtase em quantidade superior às eliminatórias anteriores. Nos confrontos passaram-se a contar três rondas de demonstrações para cada lado. O estreante Neguin já se havia estabelecido nesta altura como uma das agradáveis surpresas da edição de 2009. Irreverente e atrevido nas performances, Neguin enfrentaria, contudo, aquele que terá sido, na minha opinião, o B-Boy mais surpreendente: Daniel 'Cloud' Campos (representante da crew Skill Methodz). Ele que figurou vários anos na turma de dançarinos de Madonna e que regressara às pistas de competição. O combate pareceu inicialmente equilibrado, mas, para mal dos pecados de Neguin, Cloud decidiu abrir completamente o livro. Impressionante a rapidez e elegância dos golpes do B-Boy nascido nas Filipinas. Uma performance arrebatadora!

Morris (EUA) 0-5 Lilou (Argélia)


Morris e Lilou. Flexible Flav versus Pockémon Crew. Dois break-boys ágeis, velozes e versáteis. Depois de neste ano já ter erguido o troféu de vencedor do UK B-Boy Championships, Morris alcança a semi-final do Red Bull BC One. E só não adquiriu entrada para a grande final porque o incontrolável Lilou se apoderou do último bilhete que restava, graças a mais uma enorme série de arriscadas acrobacias. A plateia berrou o seu nome, o júri ergueu-o por 5 vezes.

Final

Cloud (EUA) 2-3 Lilou (Argélia)


O derradeiro one-on-one da noite. O climax do Red Bull BC One! Na pista, Cloud e Lilou. Chegaram à última exibição da noite com pontuações máximas nas semi-finais (Cloud coleccionou mesmo três '5-0' em todas as eliminatórias!). Um estreante contra um dos nomes carismáticos da competição. Dois estilos diferentes a confrontarem-se. Ao longo da prova Cloud exibiu-se sempre com extrema sagacidade. Pragmático e de enorme carácter, aparenta agir sempre nos momentos cruciais do combate. Os movimentos, esses, parecem resgatados ao mundo cinematográfico. Já lilou é o espectáculo dentro do próprio espectáculo. Permanentemente activo, esbanja enormes doses de humor quando se movimenta na pista, não se coibindo de libertar toda a electricidade que o seu corpo produz. A performance de ambos previa-se de nível idêntico, e assim foi. O juízo final antecipava-se renhido, e os números não enganam. Dois cartões para cada lado. Mas restava um. Esse iria consagrar "Lilou" a palavra mágica da noite...

3 comentários:

  1. lausam (Cláudia Meireles)4 de janeiro de 2010 às 01:05

    O brasuka saiu-se bem na 1ª vez, achei ele mais forte na competição com o lagaet, nas outras duas teve mais fraquito...

    A final foi mesmo bastante renhida...os dois são diferentes e muito bons, mesmo difícil a escolha, tiveram os dois potentes, curti ambos os estilos,o Cloud é muito creativo, o outro muito animado...são ambos muito bons.

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  2. so breik noa tem pra nimguem porque e tudo e nosso e algria e liberdade para quem gosta de dança de rua nos biboy somus dimais apressi esta festa bijos do biboy nando

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  3. nao basta ser bon mai se humildi esta e ali dos biboy moro

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