Raridades: Jay-Z

Como se sabe, nem todas as músicas gravadas por um artista têm a sorte de se integrar numa tracklist de um álbum ou de um outro projecto qualquer, acabando muitas delas por se enferrujar nos arquivos de um estúdio ou num disco rígido. Quer dizer, em casos como o do Tupac essas gravações renascem, adquirindo uma preciosa valorização com a morte do artista. Mas se há nome – na mesma escala de 2Pac – capaz de gerar horas e horas de rimas esse escreve-se em letras d’ouro: Jay-Z. Com a evolução da internet (Youtube e sites de partilha) tornou-se mais fácil chegar a certos sons que porventura não teriam tantos ouvintes ou nem sequer seriam escutados se hoje em dia a net não fosse o monstro que é.



Na verdade, nem todos as músicas que acompanham este post serão totalmente desconhecidas, e nem todas elas foram descartadas (discograficamente falando), mas haverá, por certo, quem não tenha tido oportunidade de as conhecer (até pela data das mesmas), isto mesmo tratando-se de Jay-Z. Como é o caso da relíquia exposta em cima, intitulada “HP Gets Busy”. Curiosamente foi uma descoberta que fiz durante a pesquisa para este post. Tinha a ideia que a estreia de Jay-Z no rap se tinha dado na faixa “The Originators” com Jaz-O, mas na realidade tudo começou num (ao que consta curto) duo com o mesmo Big Jaz a.k.a. Jaz-O, no qual se denominavam High Potent. Estávamos em 1986, Jay-Z tinha uns ricos 16 anos quando fez esta participação com o então seu vizinho. E que sonoridade bem old school, hein? (As partes do Jay-Z são ao 1m.42s e 4m.16s)



Apesar desta novidade de 1986, o que é certo é que a primeiríssima aparição de Jay-Z num videoclip surgiu em “Hawaiian Sophie”, embora tenha feito pouco uso da palavra. Um ano depois dá-se mesmo a primeira grande participação no tal (belo) single “The Originators”, onde exibia um flow estonteante. Jaz-O foi e será sempre lembrado como o eterno padrinho de Jigga Man, com quem tem, contudo, trocado uns bitaites desde que este último rubricou com a Roc-A-Fella.





“I Can't Get Wit That” revela em 1994 um Jay-Z em grande forma e será o som que fica para a história como tendo sido o primeiro single a conhecer-se do rapper em nome próprio, numa altura em que não tinha contrato com nenhuma editora. “In My Lifetime” sucedeu-o nos mesmos parâmetros.



Nos anos 90 apalpam-se muitas faixas soltas de Jay-Z, mas também inúmeras participações em trabalhos alheios. Ainda em 1994 foi parte integrante do maior êxito dos extintos Original Flavor (hoje em dia só o produtor Ski dá sinais de vida - ele que tem os dedos marcados em muitos beats de Jay-Z): “Can I Get Open”. E que dizer da parceria Jay-Z/Shaquille O'Neal? Ela concretizou-se em 1995 no som “No Love Lost”, do terceiro álbum do basquetebolista/rapper, onde também participaram os Mobb Deep, Notorious B.I.G. e os Lord Tariq.





De 2000 data a malha “20 Bag Shorty”, que consta de uma compilação chamada “The Projects Presents: Balhers Forever”, onde se avista ainda outra faixa de Jay-Z, embora se encontrem raros vestígios da mesma na net. "Early This Morning" é só mais uma das muitas doses de rimas que Jay-Z registou e não incluiu em nenhum disco.





Nos finais da década de 90/início do novo milénio, Jay-Z partilhou muitas vezes o mic com o rapper Sauce Money. Aliás, seria com este (e com Jaz-O) que iria supostamente formar um colectivo, que não passou da teoria. Pouco mais se ouviu falar destes dois companheiros de duas fases distintas da carreira de Hova.