Anthony Newley foi um cantor, compositor e actor inglês que iniciou uma carreira artística por meados dos anos 50 e que teve o seu término quando faleceu em 1999. Leslie Bricusse, também ela uma compositora britânica, ocupa ainda os seus 79 anos de vida escrevendo musicais, isto numa altura em que parece já ter arrumado para canto a composição de canções fora desse âmbito teatral (ela que deixou as suas impressões digitais em alguns sucessos de grandes nomes). Esta dupla de compositores tem em comum o facto de ter recolhido uma considerável popularidade na década de 60 quando se incidiram na criação de vários musicais, precisamente. Em 1964 estariam longe de imaginar que um pedaço da banda-sonora de “The Roar of the Greasepaint – The Smell of the Crowd” iria ser ressuscitado pelas gerações seguintes, até à dos dias de hoje. Falo concretamente de uma das muitas canções reproduzidas por Negro & The Orchans durante o tal espectáculo: “Feeling Good” (vídeo acima). Esta peça musical partiria desde essa época numa viagem pelo tempo, atravessando longos anos a renascer em covers de um qualquer artista, num qualquer estilo musical.
Nina Simone terá sido apenas a primeira a morrer de amores por esse tema. John Coltrane também não lhe resistiu, soprando toda a sua admiração pelo o interior do seu saxofone. O Rock começou por ficar in love com a declaração pública dos ingleses Traffic, na entrada para a década de 70. Com relativa frequência também se testemunha a Pop a cantarolar a famosa letra de Anthony e Leslie.
Foquemo-nos no registo gravado por Nina Simone para o seu disco “Put a Spell on You”, de 1965. Tem sido elegido para soundtrack de filmes e séries de tv de modo recorrente. A sua “Feeling Good” terá sido, porventura, a música mais samplada do seu extenso repertório. Também no que ao Hip Hop diz respeito, esta é a versão que tem caído no goto, ou melhor, nos beats de inúmeros produtores internacionais... e nacionais.
Quem já ouviu o último álbum de Bob da Rage Sense por certo deslumbrou o fragmento recolhido de “Feeling Good” exposto no single “Andar à Chuva”. O acto foi concebido pelos dedos de Sam The Kid, com um resultado final deveras delicioso. De Chelas para Portimão os gostos parecem não se diferenciar muito. Pelo menos da prateleira de STK para a de Gijoe. O DJ e produtor algarvio também já se recriou com o vinil de Nina Simone, quando confeccionou um instrumental para o seu compatriota da Kimahera Kristo, nomeadamente a faixa “Eu Sou Tipo”.
Atravessando fronteiras, sem, contudo, abandonar a Europa, detecto desde logo uma intervenção idêntica na região escandinava deste continente. Promoe – proeminente rapper do colectivo sueco Looptroop Rockers – marcou o primeiro dia do ano passado com um novo som a que só lhe poderia chamar “New Day”. A produção coube a uma dupla originária de Estocolmo (cidade na vanguarda do rap sueco) chamada Astma & Rocwell. O sample, esse, é indubitavelmente de Nina Simone. Outra ode feita por aquele país (limitando-me ao Hip Hop, naturalmente) a esta diva do Jazz partiu do grupo Fjärde Världen, na faixa "Ingen Annan", do disco "Världsomspegling".
Mal seria se no país de Nina Simone não houvesse quem “brincasse” com a sua obra. Já muitos o fizeram e outros continuarão com certeza a fazê-lo. AZ, por intermédio do produtor Goldfinga, recolheu na americana inspiração para o primeiro minuto e meio do álbum “Pieces of a Man” (1998). Curiosamente, RZA pegou em “Feeling Good”, mas não em Nina Simone. A cantora Freda Payne havia também ela feito uma cover de Nina Simone, e foi essa versão que o produtor e rapper do clã Wu-Tang foi resgatar para o seu terceiro disco - "Birth of a Prince".
domingo, 20 de junho de 2010
SampleMania: "Feeling Good"
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POST EXCELENTE! Obrigado ;)
ResponderEliminarJá agora deixa-me dar aqui a minha dica, há mais uma versão desta faixa que eu curto bué e cuja voz também dava pra samplar bacano pq a voz do homem é 'off the hook'. O Michael Bublé para o álbum de 2007 gravou esta versão: http://www.youtube.com/watch?v=ZSK9kkM7GL4
Como já disse, é previsível que haja outras versões no rock e pop, DaMata. Aliás, há muitas mesmo. Não conhecia essa que dizes, por acaso.
ResponderEliminarObrigado pela visita ;P
Cumprimentos!
A versão dos Muse é incontornável e talvez a melhor conseguida...
ResponderEliminarBom post, um abraço!
Essa eu conheço, embora aqui me tenha limitado ao Hip Hop, Soul, Jazz.. Mas agradeço a dica, fica registada :)
ResponderEliminarAbraço!