Simple está de volta às edições com “Dualidade Tridimensional”. Este EP do MC de Leça de Palmeira sucede à aclamada mixtape “Um 1/7 Sétimo”, que foi certamente um marco para todos aqueles que a ouviram. No novo trabalho do rapper fica sublinhado a traço grosso o porquê de Simple ser um dos meus rappers portugueses preferidos. É ainda daqueles artistas que mereciam mais atenção da parte de quem é ouvinte, na minha opinião.
Depois de conceber a tal louvada mixtape, Simple ou continuava na senda daquele caminho ou procurava a evolução. Optou pela segunda hipótese. Naturalmente que há em “Dualidade Tridimensional” resquícios do rapper que fez “Um 1/7 Sétimo” mas existem também apontamentos que comprovam a ascenção de Simple ao patamar lírico dos grandes nomes do rap português.
Renascendo neste EP, qual fénix, convém recordar que Simple já leva mais de uma década dedicada ao movimento Hip Hop. Não é propriamente um novato que começou agora a escrever e a debitar as suas rimas. Portanto, já tem um traquejo que lhe permite estar à vontade com os beats e com a forma de melhor rimar. Todavia, tem-se a noção de que não é muito conhecido, daí que o próprio faça questão de enviar uns cumprimentos: «dá um forte abraço ao buzz/ manda beijinhos à fama». Certo é que Simple não poupa em sentimento. É capaz de derreter beats com as suas letras em chama e com o seu flow afiado não se estranha que diga algo do género: «parto-te essa pedra à qual chamas coração».
É incontornável a referência à mixtape “Um 1/7 Sétimo” já que o próprio Simple criou uma «Intro» em que pegou em alguns versos pertencentes a esse registo e juntou-os aqui numa só faixa, fazendo a ponte entre as suas duas únicas edições discográficas e provando a mística que está contida naquela mixtape.
Quanto a mim, o grande destaque de “Dualidade Tridimensional” é o desenvolver, o aprofundar, da sua vertente de storyteller. Neste domínio, Simple joga muitos trunfos na mesa, diversificados, ora com humor, ora com suspense, mas sempre com uma estrutura muito bem montada. “Ela já não bate” é um banger instântaneo; “Cinderela” é um dos meus sons preferidos do EP, em que a história e a batida estão no ponto; “9 Segundos e ½” é um thriller, com ambiente sinistro, em que parece que estamos fisicamente junto com Simple, vendo o que ele vê e fazendo parte daquela contenda.
Depois de conceber a tal louvada mixtape, Simple ou continuava na senda daquele caminho ou procurava a evolução. Optou pela segunda hipótese. Naturalmente que há em “Dualidade Tridimensional” resquícios do rapper que fez “Um 1/7 Sétimo” mas existem também apontamentos que comprovam a ascenção de Simple ao patamar lírico dos grandes nomes do rap português.
Renascendo neste EP, qual fénix, convém recordar que Simple já leva mais de uma década dedicada ao movimento Hip Hop. Não é propriamente um novato que começou agora a escrever e a debitar as suas rimas. Portanto, já tem um traquejo que lhe permite estar à vontade com os beats e com a forma de melhor rimar. Todavia, tem-se a noção de que não é muito conhecido, daí que o próprio faça questão de enviar uns cumprimentos: «dá um forte abraço ao buzz/ manda beijinhos à fama». Certo é que Simple não poupa em sentimento. É capaz de derreter beats com as suas letras em chama e com o seu flow afiado não se estranha que diga algo do género: «parto-te essa pedra à qual chamas coração».
É incontornável a referência à mixtape “Um 1/7 Sétimo” já que o próprio Simple criou uma «Intro» em que pegou em alguns versos pertencentes a esse registo e juntou-os aqui numa só faixa, fazendo a ponte entre as suas duas únicas edições discográficas e provando a mística que está contida naquela mixtape.
Quanto a mim, o grande destaque de “Dualidade Tridimensional” é o desenvolver, o aprofundar, da sua vertente de storyteller. Neste domínio, Simple joga muitos trunfos na mesa, diversificados, ora com humor, ora com suspense, mas sempre com uma estrutura muito bem montada. “Ela já não bate” é um banger instântaneo; “Cinderela” é um dos meus sons preferidos do EP, em que a história e a batida estão no ponto; “9 Segundos e ½” é um thriller, com ambiente sinistro, em que parece que estamos fisicamente junto com Simple, vendo o que ele vê e fazendo parte daquela contenda.
Aqui Simple não faz aquele tipo de rap directo, frontal, explícito. Não. Simple socorre-se da metáfora e obriga a que o ouvinte faça também o tema, seja parte do mesmo, que não tenha uma atitude passiva perante ele. Desta forma, obriga o ouvinte a pensar, a imaginar junto com ele e isso é bom. É uma grande valia, uma prova da inteligência do rapper que quando cria não opta pelo caminho mais fácil. Aqui procura-se imprimir arte àquilo que se diz.
A mestria de Simple, a sua escrita refinada, densa, cerebral, humana, está presente em temas como “Absolvição” («vivo entre o céu e o inferno com um pé de cada lado») “Odeio-te” (um beef ao tédio!) e “Serão” (com os convidados em bom nível Dom Rubirosa e Redoptic). Por outro lado, “Accapelas” é uma montra de exibicionismo: ao seu flow, ao seu tecnicismo, ao jogo de aliterações, um desafio ao próprio MC, que parece sempre faminto, procurando trincar o beat como se fosse a última vez na vida que rimasse. Nota também para as excelentes produções tanto de Lt como de Kron ao longo deste EP, que contribuem, sem dúvida, para a elevação do nível do mesmo.
“Dualidade Tridimensional” deixa perceber a muito boa forma de Simple, deixando água na boca para o muito (acreditem) que ainda aí vem. Este EP não tem ainda o valor afectivo de “Um 1/7 Sétimo” – falta o tempo consolidar essa relação – mas tem um punhado de sons que atrevo-me a afirmar que ficarão na História do rap português como são exemplo «Odeio-te», «Cinderela», «9 Segundos e ½” e “Ela Já Não Bate”. Ouvintes de rap português ignorarem este EP é como estarem sequiosos no deserto, haver alguém que lhes aponte um oásis e não acorrerem lá para matarem a sede. Para sintetizar a ideia que perpassa em “Dualidade Tridimensional” o melhor é usar as palavras do próprio Simple em ‘Complexidade da Simplicidade’: «9 temas, 2 esquemas, rápido e brutal». Brevemente haverá mais.
A mestria de Simple, a sua escrita refinada, densa, cerebral, humana, está presente em temas como “Absolvição” («vivo entre o céu e o inferno com um pé de cada lado») “Odeio-te” (um beef ao tédio!) e “Serão” (com os convidados em bom nível Dom Rubirosa e Redoptic). Por outro lado, “Accapelas” é uma montra de exibicionismo: ao seu flow, ao seu tecnicismo, ao jogo de aliterações, um desafio ao próprio MC, que parece sempre faminto, procurando trincar o beat como se fosse a última vez na vida que rimasse. Nota também para as excelentes produções tanto de Lt como de Kron ao longo deste EP, que contribuem, sem dúvida, para a elevação do nível do mesmo.
“Dualidade Tridimensional” deixa perceber a muito boa forma de Simple, deixando água na boca para o muito (acreditem) que ainda aí vem. Este EP não tem ainda o valor afectivo de “Um 1/7 Sétimo” – falta o tempo consolidar essa relação – mas tem um punhado de sons que atrevo-me a afirmar que ficarão na História do rap português como são exemplo «Odeio-te», «Cinderela», «9 Segundos e ½” e “Ela Já Não Bate”. Ouvintes de rap português ignorarem este EP é como estarem sequiosos no deserto, haver alguém que lhes aponte um oásis e não acorrerem lá para matarem a sede. Para sintetizar a ideia que perpassa em “Dualidade Tridimensional” o melhor é usar as palavras do próprio Simple em ‘Complexidade da Simplicidade’: «9 temas, 2 esquemas, rápido e brutal». Brevemente haverá mais.
é o maior sem duvida! ninguem ouve o homem com atençao!!
ResponderEliminarPROPS!!!!
RooT