segunda-feira, 15 de junho de 2009

Kooltuga, Praso e Links

Kooltuga continua fazendo a sua arte, desenterrando os tesouros da música nacional. "Retro-Escavador Vol.I" é o nome do seu mais recente trabalho. Podem garimpar o disco duplo através do blog de Kooltuga: http://www.retroescavador.blogspot.com/

Quem igualmente criou um blog para publicitar o seu trabalho foi Praso. "Alma&Perfil" pode ser baixado para os vossos computadores se forem a www.almaeperfil.blogspot.com
Post Scriptum: Nos últimos dias, fomos acrescentando alguns sites e blogs às nossas "Artérias". Dêem uma olhadela!

New Max na Casa da Música (28/05/2009)

A apresentação ao vivo de "Phalasolo" de New Max aconteceu no passado dia 28 de Maio, na Casa da Música. Nós estivemos lá assistindo ao concerto, onde não faltaram convidados ilustres. Podem ler o texto que fizemos para o H2T na seguinte ligação:

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Vídeo de Azagaia - Combatentes da Fortuna



Azagaia, rapper moçambicano e um dos mais brilhantes da lusofonia, tem em “Combatentes da Fortuna” um importante manifesto contra os governantes africanos. O MC moçambicano enfatiza que os políticos eram a esperança que o povo africano vislumbrava para os tirar da miséria e lhes ofertar a liberdade. Porém, após a frustração das expectativas e analisando a fria realidade, Azagaia conclui que, aqueles em quem o povo de África confiava e considerava irmãos, são afinal mais um cancro perfeitamente igual aos colonizadores. Político e interventivo, Azagaia continua a sua luta pela melhoria de Moçambique através da música, denunciando as injustiças, expondo as suas preocupações e consciencializando o seu povo. Azagaia, na senda de uma das suas maiores referências de nome José Craveirinha, constitui-se como uma figura importante na cultura moçambicana contemporânea. Este vídeo contém a particularidade de ter legendagem em inglês. Rap moçambicano em alta!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Três novidades sonoras

Retirado do novo trabalho de Mos Def, "History" conta com novas rimas do rapper e do seu comparsa Talib Kweli, em cima de um instrumental do malogrado Jay Dilla, que até já foi anteriormente aproveitado por Skyzoo.





"Forever" também é novidade, mas neste caso de Ghostface Killah, membro da crew Wu-Tang Clan. Para o rapper, o R&B é o caminho mais viável para o novo álbum.



Sa-Ra e Erykah Badu no mesmo som só pode dar "Dirty Beauty". Para os defensores da Soul, "Nuclear Evolution: The Age of Love" é o registo que acolhe esta faixa.

Em Cartaz...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Monstro Robot

Pior do que acordar o monstro é investi-lo de tecnologia. Pois bem, Monstro Robot já emite sinais de vida e agora a música portuguesa que se aguente à bronca. Como humanos que somos estamos agora em penitência por nos termos esquecido de anunciar oportunamente o início oficial da actividade monstro-robotizada. Como sinal de respeito por outras formas de vida que não a humana, colocamos aqui a ligação necessária para que todos os que são feitos de carne e alma possam auscultar a mensagem que estes seres nos querem transmitir. Se um monstro precisa de amigos um Monstro Robot precisa de muitos mais. Por isso, ouçam e façam o respectivo download. Valerá garantidamente a pena pois consta-se que já há por aí muitas máquinas e E.T.’s a chorar pelos cantos por não terem um álbum assim. Verdade!

Covil e posto de transmissão áudio de Monstro Robot:

Primeiro vídeo de Brooklynati

A cidade imaginária que ganha formas e contornos no último álbum do trio Tanya Morgan pode finalmente orgulhar-se de um vídeo. De toda a "Brooklynati" o single "So Damn Down" foi o primeiro representante escolhido, sendo que as palavras de Ilyas, Von Pea e Donwill nunca soaram tão animadas como neste vídeo. Divirtam-se!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ilegal Promo "Live On Stage"

Supremo G aka Jimmy P dará brevemente seguimento à "promoção ilegal" do seu rap e dos seus parceiros. Contando com a preciosa colaboração de DJ Deeflow e DJ Sir na concepção, esta mixtape adoptou o nome ""Live On Stage" e estará brevemente disponível para download gratuito.
Por enquanto, e para aguçar o apetite, Jimmy P e Rusty convidam-nos a ouvir a preview do projecto, que conta com um título bem sugestivo: "Let's the Music Play". Deixem tocar!

Se eles são incendiários... (Parte III)


Escaldante

Sagas passeou-se lindamente em cima do instrumental e abrilhantou sem margem para dúvidas esta mixtape. Ora rappando ora canto, quer em crioulo quer em português, Sagas mostrou a sua valia, transmitindo a maturidade e a qualidade que atingiu no seio do Hip Hop lusitano.

Logo no início, Blasph revela que a sua participação será bombástica, pelo facto de referir Médio Oriente. Só isso é meio caminho andado para se pulsar os tremores que bombas provocam e sentir-se o cheiro a queimado. Mas Blasph não faz só isso. Ou seja, construiu habilmente uma história, metendo-se na pele de um bombista. Blasph faz o relato dos momentos que antecedem a sua auto-explosão. Se o assunto da mixtape é o elogio da destruição, Blasph instituiu-se da arte e do engenho para fazer um tema que aborda a realidade dos bombistas-suicidas. É cheio de coragem, de fé, de força, que Blasph tal como qualquer bombista se entrega à sua causa, no seu caso a de rimar. E Blasph honra plenamente a sua missão, construindo seguramente algumas das melhores rimas desta mixtape.

Pródigo, tal como Blasph, artilhou-se completamente para triunfar na missão. Assumiu-se como soldado e disposto a pôr quem quer que seja “a mijar morfina”, Pródigo não tem problemas em referir que a guerra é uma paragem da racionalidade. Mais, faz questão de focar o drama das pessoas inocentes, com especial incidência no caso das crianças. Ora vítimas ora contadoras do tempo que falta para se tornarem a ignição da destruição alheia. Pródigo inteligentemente reforça a banalização da guerra, da violência, da martirização. Já se sucedem acontecimentos que não chocam porque são frequentes. O repúdio e a contestação relativamente a determinadas situações são menorizados. Já ninguém liga, ninguém se importa. Interioriza-se que é normal e que nada pode ser feito. Pródigo mete o dedo na ferida: a resolução dos conflitos faz-se pela lei da bomba. Deliciosa a visão de Pródigo que concebe que se o Diabo veste Prada, nesta moda belicista e de malfeitoria, então os Anjos já inovaram no guarda-roupa e têm seguramente os seus trapinhos a condizer com C-4. Pródigo relata uma página de tantas outras que apelida de “macabras”. E se a chuva não apaga o lume do ódio, então muitas outras regiões navegarão no “vale de lágrimas” que Pródigo vislumbra em Israel e no Líbano. Se só Blasph e Pródigo tivessem participado nesta canção ela seria automaticamente considerada a melhor de todas as que integram a mixtape. Scratch queimou-os.

Capicua foi talvez a grande surpresa desta mixtape. Num elenco onde figuram tantos nomes de proa, poucos esperariam que Capicua conseguisse alastrar muito a sua chama. Nada mais enganador! Capicua conseguiu fazer um dos melhores temas, fruto de uma grande entrega e energia no mic. A fluência e a boa-disposição que perpassa para os nossos ouvidos foram garantes importantes para nos prenderem às rimas de Capicua. A “estrófe-molotov” caiu que nem ginjas. Num ambiente de certo modo pesado e hostil, Capicua apresentou-se divertida e com isso conseguiu certamente atrair todos aqueles que ouviram a canção. Capicua veio para esta mixtape, parece-me, como alguns daqueles manifestantes vão contestar as cimeiras do G-8 ou G-20. Participou fundamentalmente para se divertir e mandar a sua “estrófe-molotov”, importando-se pouco com a causa da iniciativa. Parece-me que gozou à brava. A todos os pirómanos que não conseguem produzir os “beat-dinamite” resta-lhes a anuência e o envio dos seus ficheiros para a reciclagem, adverte Capicua. E ela se não fez a linha mais abusada (no bom sentido) da mixtape parem imediatamente de ler o que escrevo: “Já não compito o meu sonho(*) fintou o Deco”. Fantástico! A pronúncia de Capicua vinca-lhe ainda mais as suas qualidades e diferencia-a. Dá-nos “lição de pirotécnica”, sem ter que necessariamente foguear alguém em particular e sem ter que se socorrer do insulto fácil e de palavras broncas. A cena de Capicua é tão quente que em pouco tempo se percebe que é uma questão de segundos para que o alarme de incêndio ecoe na sua métrica. Deixa arder, Capi!

Se queriam que se botasse fogo, então teriam de chamar Eva. Ela não rappa, cospe lume, qual boca de dragão. Eva no final da gravação deste tema deixou por certo o microfone em brasas, assim como as orelhas de alguns ferveram! Eva mais uma vez rimou em frente ao espelho, demonstrando toda a sua apetência para a exaltação do ego e para a batalha vocabular. Sim, mais uma vez, faz-se uma viagem ao pensamento de Eva, com as mesmas doses de dureza e crueza verbal. Eva admite que está no passeio dos ilustres do rap português por já ter perpetrado ataques vocabulares mais violentos que uma qualquer chaimite de guerra. Com uma agressividade sem limites, dizima quaisquer rimadores que se lhe atravessem no caminho. Sem rival à altura nesta batalha de estilos, Eva dá-se ao luxo de sugerir a colocação de uma pausa no rap para que a consigam alcançar. E isso de “pombas na garganta” é apenas um bluff de Eva, pois o arsenal dela parece ser interminável. Eva acredita já ser um peso-pesado no Hip Hop nacional, por isso aconselha veementemente Dama Bete a encorpar as suas rimas. E se havia dúvidas, Eva esclarece: “venho só e forte para queimar os rappers da tuga”. Incendiários? Pois. Sem papas na língua, “mais quente que o fogo” e para isso nem precisa de pôr um pé na rua! Qualquer contacto com Eva é favor carregar no “rec” e dizer o que lhe vai na alma. Ela certamente responderá cuspindo lume. Ou não fosse ela Eva, a dracena de Benfica.

Conclusão:

A “Incendiários Mixtape” não trouxe a qualidade que se esperaria dado o elenco que se apresentava. Esteve longe do patamar de valia sentida noutros álbuns de rap português. A este défice, juntou-se ainda o móbil do trabalho. O formato mixtape leva sempre a que alguns mc’s ensaiem novas abordagens e apresentem uma menor exigência relativamente ao produto final. Ainda assim, houve gente que se empenhou e fez grandes rimas. Porém, em virtude da presença de alguns rappers importantes da nossa praça, aguardava-se um álbum bem mais sólido, ambicioso e fundamentalmente bem mais adulto.
(*) Onde está "sonho" deveria estar, na verdade, swing.

Se eles são incendiários... (Parte II)


Lume Brando

Nerve não conseguiu criar um tema divertido e simultaneamente corrosivo e original como já fez anteriormente. Na mixtape, nem sempre se entenderam as palavras de Nerve talvez devido a alguma falha por parte de quem tratou as questões de ordem técnica da gravação. Assim, a mensagem de Nerve ficou um tanto ou quanto nublada. Todos têm as suas canções menos boas, mas estou certo de que esta constituirá a excepção à regra, já que Nerve é um mc de inegável valor. Um dia menos bom acontece a todos.

Sir Scratch deu início ao incêndio. Na faixa de abertura, mostrou-se em boa forma, no seguimento da tarimba alcançada com o seu álbum. Nota-se a garra sempre em cada palavra jogada pela boca fora. O à-vontade a rimar em cima dos instrumentais é uma das maiores armas de Sir Scratch. A ironia e os lampejos vindos directamente do ego são uma constante na sua carreira e aqui continuam a ser sentidos. Observa-se ainda um Scratch cáustico com quem o julga com a “mania”, alvitrando que o êxito dele se resume a um par de canções. Porém, o mc não conseguiu manter a bitola elevada nas restantes canções em que participou. A colaboração com Lancelot, Bob e God G retundou em rimas fracas e desconexas, longe da consistência que nos deu a ouvir no seu primeiro álbum. A sua intervenção com NGA passou completamente despercebida. Por vezes, Sir Scratch torna-se tão abstracto que qualquer que seja a sua intenção ela acaba diluída precisamente nessa confusão de quadro de Pollock. Pelo contrário, quando o mc imprime uma maior objectividade, os seus raps adquirem logo uma maior dimensão. Completamente ao lado do alvo foram também as rimas no tema com Blasph e Pródigo. Se estes últimos elaboraram um conceito para a feitura da canção, Scratch irrompeu com rimas totalmente descabidas, fora do contexto alinhavado pelos outros dois rappers.

NGA é um workaholic no que ao rap diz respeito. Só este facto já é extremamente positivo para o rapper da Linha de Sintra. Mas há mais: NGA imprimiu bastante força às suas rimas, que funcionam sempre ou quase sempre como reflexo da sua vida. O momento mais marcante da sua interpretação é quando demonstra o seu respeito pelo rap dos antigos. NGA transmite-nos tal transparência nas suas palavras que ninguém lhe pode levar a mal que afirme que o rapper favorito dele é o que ele vê no espelho.

God G é um jovem mc com potencial que tem vindo a fazer algum buzz. Na mixtape, teve uma prestação bastante razoável, antevendo-se-lhe ainda uma boa margem de progressão para o seu rap. Estaremos atentos ao seu trabalho futuro, com certeza.

As primeiras palavras de Bob da Rage Sense nesta mixtape são duras e provocam estupefacção: “Mato o teu pequeno mito”. Visado à parte, Bob mostra-se mais agressivo do que nunca. Investe contra quem maltrata o Hip Hop, pois esses despojando-no das suas raízes e atribuem-lhe actualmente uma conotação marcadamente sexual. Por entre palavras ácidas, Bob radicaliza o seu discurso, extrapolando que a única via para a saúde do rap é acabar com um “tu” que vagabundeia na sua boca. O mc que encantou Portugal com temas marcantes, andou totalmente arredado desses momentos de glória nesta mixtape. A sua participação com Zuka é horrível. Bob entra de mal a pior na faixa, apregoando baboseiras impensáveis de se ouvir há uns tempos. Curiosamente, na colaboração com Raf Tag não se deixou influenciar pelo acompanhamento desinspiradíssimo de Raf Tag e esteve num nível aceitável. A participação de Bob nesta mixtape podia resumir-se a uma frase que ele debita com Scratch, Lancelot e God G: “complexo como explicar a cor a um cego”. De facto, é complexo entender como Bob regrediu tanto! Quando já se pensava que não haveríamos de escutar o rapper de “M.P.L.A.” eis que o encontramos junto a Sagas. Bob apetrechou-se duma mensagem positiva e apresentou-se poético, profundo, rimando com alma e sem raiva e amargura. Soube a muito pouco sentir o gosto do Bob que nos habituou a grandes interpretações.

Se eles são incendiários... (Parte I)

... eu também deito achas para a fogueira!

Já bastante se falou e escreveu sobre a “Incendiários Mixtape”. Não diria que se gastou muito latim porque essa língua agora cinge-se ao Vaticano. Também não ousaria afirmar que se desperdiçaram rios de tinta porque nos dias de hoje tudo se escreve no computador. Porém, esta mixtape teve condimentos vários que fizeram com que ela não pudesse passar despercebida. Agora que, para além das faúlhas, a poeira acentou, numa visão naturalmente pessoal, irei discorrer algumas considerações sobre este álbum. A “Incendiários Mixtape” foi colocada à venda no passado dia 1 de Abril e o Hip Hop português ficou muito mais quente e abalado pelo vulcão de rimas que entrou em erupção. Extra-música, cabeças ferveram e ocorreu um episódio nada edificante, que não abona em favor de ninguém e muito menos do Hip Hop luso. Porém, já se deveria prever – e estando nós em Portugal – que em caso de incêndio há uma crónica propensão para o perigo das explosões sondar os ateadores de serviço. Vale a pena perguntarmo-nos então sobre o que é que esta mixtape ofertou ao rap português.

Partindo de um conceito sugestivo e explorando uma imagem atraente, o melhor de “Incendiários Mixtape” é tudo aquilo que um incendiário florestal sonharia verbalizar quando as chamas brilhassem nas suas íris. O pior da mixtape é que em demasiadas vezes alguns incendiários tentaram atear um fogo em pleno dia de chuva. Ou, pelo menos, quiseram de fósforos molhados pegar fogo ao que quer que fosse. E porque a maioria das pessoas prefere saber as más notícias primeiro para depois se confortar na macieza da bonança, cá vão então as palavras azedas. Brincar com o fogo é perigoso para qualquer um mas também é sabido que quem anda à chuva molha-se, não é?


Sem Chama

Raf Tag esteve num nível glaciar. A sua participação em duas faixas era perfeitamente dispensável. Em ambas, Raf Tag não conseguiu entusiasmar. Atente-se nalgumas expressões do rapper: “o rap vai ser ardido” (???); “faz verter sangue, bebe sangue, vive para o sangue”; “não conheço ninguém, não respeito ninguém”; “usa palavrões”; “sinto-me importante, super arrogante”; “super bonito, não tenhas ilusões”. Se Raf Tag lança a acusação de que alguns “rimam sem sentido”, era engraçado perceber qual o alcance destas expressões. Não me parece que tenha granjeado um único fã nesta sua participação na “Incendiários Mixtape”. Por sua vez, QQ compôs um tema completamente escusado. E nem sei mais o que escrever sobre esta faixa, sinceramente. Brasileiro num belíssimo beat, não acrescentou nada de relevante à mixtape, sendo que rimou muito pouco tempo. Parece ter entrado para fazer número. Lancelot teve uma prestação fraca, tendo em conta o nível a que nos habituou outrora. Este mc de Odivelas já fez de longe muito melhores rimas do que as que se escutaram aqui. Esperava-se mais de Lancelot. A participação de Zuka deixou também bastante a desejar. O rapper que veio do Brasil e que o rap português adoptou relatou-nos como é viver no Catujal, mas duvido que a localidade se tenha sentido representada nas palavras de Zuka.

domingo, 7 de junho de 2009

Sanryse - M.O.D.O.S



Mais um vídeo extraído do álbum "V.I.D.A." de Sanryse. Chama-se 'M.O.D.O.S.' e traz, para além do rapper da velha escola, um dos seus habituais parceiros de luta: Bambino. O trabalho foi lançado o ano passado e continua disponível nas lojas e na SóHipHop.