
quarta-feira, 31 de março de 2010
Joell Ortiz - Project Boy
Já aqui havíamos postado um dos novos sons escolhidos por Joell Ortiz para "Free Agent", o seu mais recente trabalho, a ser comercializado a partir de Maio. "Project Boy" é a junção de um beat de DJ Premier com as rimas do rapper, e apresenta-se agora em videoclip.
terça-feira, 30 de março de 2010
MegaStreetPhone Vol.1

Para já, no primeiro pacote, para além de DJ Yoke, nomes como Beware Jack, SimpLe, Mohad Sabre, Taseh e Praso (entre outros) encarregam-se de abrir as hostes.
A mixtape, que usará e abusará (no bom sentido) do scratch, boom-bap e turntablism, tem chegada marcada para 1 de Abril, ou seja, na próxima quinta-feira. Com marca da ChupaLoops, a mixtape estará ao alcance dos interessados no site desta associada da editora GovSom. Também nesse sítio, já se fazem escutar os singles "Gafanha" e "Não Fujas Não Corras Remix", que mais abaixo disponibilizamos para download gratuito.
Download "Gafanha" aqui e "Não Fujas Não Corras Remix" ali.
http://www.chupaloops.com/
segunda-feira, 29 de março de 2010
Azagaia - Labirintos
Edson da Luz a.k.a. Azagaia é um dos grandes revolucionários do rap em Moçambique. Logo na sua estreia discográfica a solo abalou o panorama musical daquele país africano. Em terras de Armando Guebuza, Azagaia chegou a ver a sua música censurada por alguns órgãos sociais, tendo sido mesmo intimado a explicar o teor das suas letras... No entanto, Azagaia tem mantido a essência da sua música, tendo na forte consciência social e crítica política os tópicos basilares das suas rimas.
Do seu álbum "Babalaze", surge hoje o vídeo para o som "Labirintos" (com SG, do grupo Xitikju Nimbaula), carregando uma mensagem clara sobre a contaminação pelo vírus HIV.
Mr.Dheo

Com dez anos de experiência nesta área e com clientes como a Reebok, a Red Bull, a Fiat ou a Super Bock, assim como presenças em eventos internacionais, Mr.Dheo é um artista plástico versátil capaz de adaptar o seu trabalho a variadas temáticas e suportes mantendo sempre a criatividade e originalidade que o caracterizam e que fazem dele um dos mais requisitados e conceituados graffiters nacionais.
Novos vídeos
Murs tanto colecciona álbuns em nome próprio como parelhas com outros artistas, nomeadamente 9th Wonder. "ForNever" será o próximo a sair da junção destes dois talentos. O primeiro single "The Problem Is" (com grande participação de Sick Jacken e do melodioso Uncle Chucc) antevê um disco a transbordar qualidade. É esperar para crer.
Mais um vídeo retirado de "The Salvation", do nova-iorquino Skyzoo. Disco esse bastante enaltecido desde a sua saída, tanto pela crítica escrita, como pelos fãs de rap (onde eu me incluo). "Easy To Fly" é mais um produto de 9th Wonder, que também conta com Carlitta Durand.
Tal como Murs, também Skyzoo regista um álbum em conjunto com o eterno produtor dos Little Brother.
A carreira de Shyheim tem andado estabilizada nos últimos anos mas o rapper de Nova Iorque teve os holofotes apontados para si quando se tornou afiliado dos Wu-Tang Clan. "Disrespectfully Speaking" foi o último álbum editado por Shyheim o ano passado, e desse disco faz parte o single "Pain", com produção de Shroom.
domingo, 28 de março de 2010
Erykah Badu - Window Seat (O vídeo)
Parece que a Erykah Badu levou tão a sério o meu último post, ao ponto de soltar no dia a seguir o prometido vídeo para o single "Window Seat".
Não precisava de soltar também a roupa, gosto dela de qualquer maneira.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Erykah Badu - Window Seat
Ouço, escuto, volto a ouvir e a escutar mais uma vez. Já perdi a conta ao número de vezes que me cheguei ao parapeito construído por James Poyser (produções para Lauryn Hill, Common, Bilal, Jill Scott, D'Angelo e tantos outros bons nomes) e pela Erykah Badu, contando ainda com os movimentos de Questlove nos drums. O som é a segunda faixa do novo álbum da americana, "New Amerykah Part Two (Return of the Ankh)", com edição selada para 30 de Março, e com videoclip prometido.
Crítica ao EP de La Dupla no H2T

http://h2tuga.net/albuns/058_ladupla_acaminhodopalcoprincipal.php
quinta-feira, 25 de março de 2010
Dealema - EP "Arte de Viver" (download)

O primeiro single tem aguçado muitos ouvidos por aí. Vão já devorar o resto dos sons que vos falta!
http://www.optimusdiscos.com/discos/arte-de-viver
quarta-feira, 24 de março de 2010
Karaboss Remix
* Pelo que nos foi dado a entender, o link para download do single que disponibilizamos aqui não é oficial, logo, seria um estimulo à pirataria. Pedimos desculpa aos intervenientes porque, de facto, só o fizemos por termos a percepção de ter sido disponibilizado pelos próprios artistas.
"Isto ainda não é o álbum!" de A.S2

O primeiro single conhecido foi "Esboço", com participação de DJ Nel'Assassin, que recordamos aqui em baixo.
Wu-Massacre - Our Dreams (vídeo)
Finalmente o vídeo do primeiro single de "Wu-Massacre" já rola por aí. A produção do beat de "Our Dreams" (com sample de Michael Jackson) coube a RZA, já a direcção do vídeo é mais uma obra de autoria de Rick Cordero.
Resta recordar que este trabalho conjunto de Ghostface Killah, Raekwon e Method Man estará nas ruas daqui a uma semana, tendo já saltado para a net vários sons do disco - muito aguardado pelos fãs de Wu-Tang Clan.
terça-feira, 23 de março de 2010
Os Estúpidos do Costume

Quando muita gente que se julga um portento de sapiência, pensando que pode escrever ou falar sobre tudo e mais alguma, se põe a tratar o tema Hip Hop claro que mete sempre os pés pelas mãos. Mas isso já todos nós estamos fartos de saber! É típico. Porquê andar a dar relevo a essa gente? É apenas mais um! Outros estarão, neste momento, a pôr-se na fila para verbalizar uma catrefada de disparates. Este não foi o primeiro nem há-de ser o último a espalhar-se quando a matéria é Hip Hop.
Mas será útil andar a azucrinar o homem por ter uma opinião, ainda que distorcida da realidade? Valerá a pena andar a gastar tempo a contar ao senhor a história do Hip Hop da frente para trás e de trás para a frente? Adiantará alguma coisa, fa-lo-á mudar a sua perspectiva? Eu julgo que não. Se ele fez tão errada e insultuosa observação ao Hip Hop é porque simplesmente não lhe interessou investigar o que é esta cultura nem terá ele qualquer interesse no Hip Hop. É deixar Alberto Gonçalves viver na sua feliz ignorância, pensando que é um doutor em tudo e mais alguma coisa e também no que se refere ao Hip Hop.
Ele questionou sobre quem no seu perfeito juízo daria emprego ao 50 Cent. O maior mérito que eu dou a Fifty Cent é a escolha dos produtores que o acompanham e a inteligência com que constrói refrões. Todavia, eu também posso questionar, a partir deste artigo de Alberto Gonçalves, quem – perante isso – pode dar emprego a um senhor que refere tantas obscenidades e desconhecimentos - se calhar por menos Mário Crespo foi impedido de publicar a sua crónica. Mas não vale a pena. Vivemos em Portugal. Gente do calibre de Alberto Gonçalves precisa de trabalhar em sítios prestigiantes e as cunhas têm de ser exercidas. Era de espantar se o senhor estivesse onde está em virtude duma cunha? Claro que não. Então se o próprio diz que ninguém daria emprego a 50 Cent... Será que lhe aconteceu o mesmo e ele lá se fez valer das cunhas? Vá lá que não se lembrou dos exemplos de Will Smith, LL Cool J, Queen Latifah, Mos Def, Krs-One, Defari, Ice-T, Ice Cube – coitados – pobres desempregados se não tivessem mais o que fazer senão rap.
Deixem o senhor no seu pedestal, mesmo que vos doa o pescoço! Deixem-no estar contente com o que escreveu. Permitam-lhe que ele se sinta como um miúdo que brinca pela primeira vez com os legos e, conseguindo sobrepor uma peça a outra, já se sinta um arquitecto de primeira água. Por mim, ele pode dizer ou escrever o que quiser sobre o Hip Hop que eu dou-lhe importância zero! Não lhe reconheço qualquer capacidade ou legitimidade para abordar o tema. A responsabilidade de tamanha baboseira que representa aquele artigo é exclusivamente dele. A nós basta-nos rir do ridículo por que está ele a passar. Não é preciso, sublinho, contar-lhe tudo sobre o que é o Hip Hop... Ele já demonstrou que não lhe interessa minimamente. Caso contrário, teria tido a preocupação de pesquisar. Soltemos gargalhadas ao ler o seu texto, não enveredemos pelo ódio como o que ele exibiu na redacção do seu texto. Tratemo-lo com o desprezo e a sobranceira que merece.
Só para concluir: o Hip Hop mata? Ok, é a opinião do senhor. O que me quer parecer é que há gente, particularmente jornalistas, com vontade de matar mas não conseguem, o tiro sai-lhes sempre pela culatra! O que fica e que interessa é que não será qualquer formiga (sem desrespeito por esses animais) com tiques de iluminada e de suma sabedoria a beliscar o Hip Hop. Aliás, não sei qual será o defeito dos secos e infrutíferos tiros de Alberto Gonçalves e de outros jornalistas que atentam contra o Hip Hop: será que nunca foram verdadeiros jornalistas ou já estarão mortos para a profissão? Hum, nem sei o que pense que se aplica a este caso. Talvez seja melhor eu retirar as minhas ilações sobre esta dúvida quando tiver mais tempo para gastar com gentalha da estirpe de Alberto Gonçalves, pode ser? Digam o que disserem, o Hip Hop não morrerá em Portugal nem em qualquer outra parte do mundo, meus caros. A inteligência essa é que está a ficar em vias de extinção em algumas redacções de jornais! Ooops, o que um gajo do Hip Hop escreveu! Que burro, que ridículo, pá!...
segunda-feira, 22 de março de 2010
Dealema - Mais uma sessão (vídeo)
Novo ano, novo trabalho, novos sons, novo vídeo, a mesma autenticidade de Mundo, Expeão, Fuse, Maze e DJ Guze. O conjunto dealemático mantém-se fiel à sua "Arte de Viver". Este é o título do novo registo dos quatro MC's (e DJ) nortenhos, e que se prevê que esteja acessível ainda este mês de Março. O EP (de 6 faixas) dará continuidade à saga de lançamentos gratuitos na plataforma Optimus Discos, mas terá também edição física.
Em cima, o primeiro vídeo e single "Mais uma sessão"...
Em Memória de Snake...
O legado de Snake no rap nacional foi curto mas mesmo assim não deixou ninguém indiferente. Tinha dois sons mais mediáticos, ambos com Sam The Kid, e outros dois mais underground, resultantes de participações nas mixtapes de Regula “Kara Davis Vol.2” e «De Volta ao Serviço», de DJ Cruzfader. Referência ainda para uma pequena introdução que fez num tema de Sam The Kid do seu álbum “Sobre(tudo)”, na faixa intitulada – amarga e vil coincidência - «P.S.P.». Nessa altura, recorde-se, Snake estava preso no Linhó, cumprindo a sua pena e a sua dívida à sociedade.
Apesar desse escasso trabalho no rap, ao nível da gravação de sons, Snake via serem-lhes reconhecidas capacidades no microfone e os ouvintes gostavam do seu estilo. Iniciado por Sam The Kid, que lhe deu uma chance no mundo da música, após o encarceramento no Linhó, Snake conseguiu assim reunir admiradores. A maior prova de grandeza de Snake no rap português é que lhe bastaram quatro sons para conseguir reconhecimento. O empurrão de Sam The Kid terá ajudado muito, claro. Mas a simplicidade, o entusiasmo, a forma de ser dele, terão também contribuído para a formação dessa empatia entre ele e o público.
Prestando tributo a este mártir do rap português, vou viajar pela música que Snake nos deixou. Em “Negociantes”, Snake faz uma espécie de balanço da sua vida depois de ter saído da cadeia. Assaltam-lhe as dúvidas. Que futuro para ele, originário de Chelas e com cadastro? Tudo interrogações levantadas por alguém que buscava um sentido para o resto da sua vida. De que serve a prisão? Para reabilitar gente? Ouvindo as palavras de Snake percebe-se que não. O que se escuta com mais força são os termos “fachada” e sistema. Foste culpado por tentares sobreviver, Snake? “Não, G., fui só mais um sacrificado!”. Ele não renega o seu berço e abertamente narra-nos as características do seu bairro, Chelas, lugar de crime, droga e violência. Todos sabemos que essas enfermidades só abundam em sítios onde as pessoas são negligenciadas e não lhes é dada uma oportunidade digna para sobreviverem.
Seguindo para outro tema, Snake teve uma boa prestação, talvez a sua melhor, em “Dopping” de Sam The Kid. “O que acontece no dia-a-dia é uma coisa chata”, analisa. Instigado a rimar, debruça-se essencialmente sobre os acontecimentos do quotidiano que lhe dizem respeito. Consciente de que o orgulho férreo pode levar-nos a um beco sem saída, Snake prova-nos aqui a sua humildade e simplicidade. Mais adiante, encontraremos ainda vestígios desse calibre como quando diz: “Tens de ser forte e dar o braço a torcer/ Para muitos é fraqueza para mim veio-me fortalecer”. O nativo de Chelas tinha noção perfeita dos erros que cometera enquanto jovem e nunca os negou. Pelo contrário, expunha-os como forma de nunca se esquecer deles e possibilitar um aviso, um conselho, para quem o estivesse a ouvir. Melhor do que palavras minhas para descrever Snake, nesse contexto, é lerem com atenção aquilo que sabiamente disse o próprio. Meditem:
“Apareceram más ideias pela cabeça e eu matei-as
Quando ‘tava a perder tempo a passar por várias cadeias
Da Judite a Caxias, do EPL ao Linhó
Foram noites e dias que tinha que me aguentar só
E não ser uma cabeça perdida
Para poder sair de cabeça erguida, sempre à espera da chance
Sara a tua ferida ou podes perder a tua vida
Que diga o meu sócio Bruno, o Deus o tenha em descanso
É nada por nada, é uma vida marada, entregues à bicharada
Prisioneiros do bairro, encostados ao muralha(?) a planear a fezada
Com a mãe desempregada sem fazer um caralho
Mas não é por isso que hei-de ficar fraco
Luto pela liberdade todos os dias para não ir de saco
Tiro pontos positivos numa situação inversa
Quando um gajo está em baixo basta só uma conversa
Para eu ficar mais forte!”
Bem forte, pelo exemplo e pelo conteúdo! Que esta “situação inversa” de Snake sirva para despertar e alertar a mente dos mais jovens. A revolução também se faz pelas palavras. Mas sem coragem, bravura, espírito de sacrifício e resistência também nada se consegue, e é isso mesmo que Snake exprime na sua participação na mixtape “Kara Davis Vol.2” de Regula.
«Continuo na luta, luta é sobrevivência», ora confiram Snake no mais recente trabalho de DJ Cruzfader:
“Somos puros por dentro esse é o lema da vida
Pros juízes e pros políticos isso não faz sentido
Não sabem nada da vida, não vivem onde eu vivo
Não têm rusgas à toa, não são revistados na rua
Não são pisados na esquadra, eles têm vida boa
(...)
Eu nunca os vi no meu bairro seja de noite ou de dia
Que raio de líderes são esses só fodem a banca aos dealers
Eu não fujo à realidade, eu aperto comigo
E pra nova geração, boy, aperta contigo
Mesmo que estejas na merda ou na banca rota
Eu sei que a força é pouca mas é melhor que a forca”
A revolta e os calos da vida estão atestados em todas as rimas que Snake cuspiu. De facto, só quem não conhece as dificuldades da vida ou as ignora, preferindo assobiar para o ar, é que pode afirmar sem decoro que as pessoas só porque nascem em determinados sítios têm de ser necessariamente más. Existe o preconceito. Há gente cheia de capacidades e de talento que simplesmente por não ser branca ou viver em determinado lugar ninguém lhes dá trabalho, quando estava perfeitamente habilitada para determinados cargos onde poderia representar mais-valias. Pior do que ver este esbanjamento de capitais humanos, é vê-los a terem de enveredar por vidas de ilegalidade e frustração. E muito pior do que isso, é verificar os políticos de meia-tigela que temos que só se preocupam a descer a determinados locais e bairros em campanhas eleitorais. Como Snake bem assinalou, a transformação e a força tem de vir de nós mesmos, do interior de cada um, não se espere a ajuda de políticos ou similares. Como diz Sam The Kid em “P.S.P.”:
«Quanto custa uma vida boa para um inocente?
Não tem culpa de ter nascido sem um ingrediente
Importante pra viver com dois olhos positivos
Sociedade afasta e cria os fugitivos
Vivendo à margem duma vida normal
O chamado marginal numa vida ilegal
O fundamental é saber de onde é que vem a causa
Porque ninguém anda nesta merda pra mandar pausa»
Snake não era dos MC’s mais talentosos que Portugal tinha, nem era, como é fácil constatar, daqueles que mais gravava música. Todavia, Snake era um de nós. Vivia e representava a cultura Hip Hop, nutria por ela uma grande paixão e esta respondeu em peso na altura de o homenagear pelo desfecho trágico que foi a sua morte. Tudo o que Snake deixou será relembrado com grande respeito por todos os integrantes do movimento Hip Hop português, disso tenho a certeza. Cumpre-se aqui também a minha homenagem à pessoa e ao rapper Snake. Que estejas num sítio melhor do que este que deixaste!
sábado, 20 de março de 2010
Snake e as verdadeiras cobras

Quem já lidou com a polícia sabe muito bem do ninho de cobras que ali se esconde. Percebe que há muita fruta podre, num núcleo que tem obrigação de dar ou ser um exemplo para a sociedade. Há gente boa na polícia, com ética, bem formada, com sentido de responsabilidade e com consciência cívica, preocupada em zelar pelos interesses dos cidadãos. O pior são as víboras que espetam o ferrão e destilam o veneno na social circulação sanguínea, denegrindo a instituição Polícia e gerando uma desconfiança – uma ferida de morte – na opinião pública.

“Se fosse branco e usasse gravata, teriam disparado?”. A pergunta retórica é de Sam The Kid e é inteiramente legítima e impunha-se fazê-la. Ainda vivemos numa sociedade portuguesa racista e preconceituosa, que julga as pessoas pela cor da pele e pela roupa que veste. Assim, o entendimento que se pode tirar daqui é que, por exemplo, José Sócrates só pode ser um santo porque é branco e veste-se bem, já que compra alguma da sua roupa numa das lojas mais caras do mundo, situada na Rodeo Drive, em Beverly Hills, Estados Unidos da América. Ladrão? Nunca! Ainda seguindo essa linha de julgamentos “a priori”, Snake só podia ser um criminoso sem escrúpulos e sem remédio, que devia ter gravada na testa a inscrição “bandido”. Claro, ele preto, sem gravata, com street wear, num carro velho, só podia ser um desprezível ser humano que não merecia respeito, dignidade ou tolerância, nem viver neste mundo de gente fina e irreprensível. Valha-nos a ironia para lidarmos com a estupidez e com a barbárie.
O que mais me assusta e arrepia em tudo isto é pensar no país em que vivemos. Na sociedade que vive das aparências, do clima de hipocrisia, da justiça que não se cumpre quando entram em cena os ricos e os poderosos, na desconfiança das instituições judiciárias e policiais, na forma como se tira a vida a uma pessoa por “dá cá aquela palha”. Vivemos numa selva competitiva onde tudo acontece e serve para “mostrar serviço”, movidos a ódio e guiados por ambições desmedidas. Em tudo isto, lá se vai o humanismo e a consciência pelo cano abaixo. Como consequência, lá foi mais um Snake para debaixo da terra também. E mais uma criança que crescerá sem o pai. Muito triste!
Já dizia o Bónus: “os anos vão passando mas nada muda”. Temos de deitar mão a isto, juventude! Caso contrário, o monstro vai continuar a engolir-nos e a deitar-nos precocemente no caixão. Até sempre, Snake!
sexta-feira, 19 de março de 2010
Inspectah Deck - The Champion (Video)
Mais uma excelente batida agitada por Alchemist. Desta vez o privilegiado com esta relíquia é Inspectah Deck - talvez dos elementos do clã Wu-Tang que menos vende a solo. No entanto, o quarto álbum vem a caminho, começando a ser comercializado dia 23 de Março. Ao que tudo indica, será o penúltimo trabalho pessoal do rapper de Nova Iorque, antes mesmo de fechar a sua discografia com "The Rebellion" (embora já não seria a primeira vez que se anunciava um álbum como sendo o último e esse acabaria por conhecer um sucessor...).
Deste "The Manifesto" sobressai desde logo o primeiro single "The Champion". O disco terá outras 19 faixas, parte delas produzidas por Agallah, MoSS, J.Glaze e pelo próprio Inspectah Deck. Raekwon, Cormega, Planet Asia e Cappadonna também se ouvirão no mic. Para já, curta-se o som de avanço e o respectivo videoclip.
Parabéns 2º Piso


quinta-feira, 18 de março de 2010
Sadat X feat. Pete Rock - Turn It Up
Terça-feira é dia de "Wild Cowboys II", o que é o mesmo que dizer que é dia de Sadat X. O rapper nova-iorquino vai editar o seu sexto disco, contando com nomes como M-1 (Dead Prez), Kurupt, Rhymefest, Ill Bill, Grand Puba e Lord Jamar (estes dois últimos seus parceiros em Brand Nubian). Pete Rock, 9th Wonder, Diamond D, DJ Spinna e Buckwild, são alguns dos produtores das batidas que dão corpo a esta espécie de saga do seu primeiro registo, lançado em 1996, "Wild Cowboys".
Pete Rock já havia participado nessa estreia discográfica de Sadat X e volta agora a fazer parelha com The Great Dot X numa nova (e bela) produção de sua autoria (a juntar à sua extensa lista...): a malha "Turn It Up".
Orelha Negra
É já na próxima segunda-feira, 22 de Março, que o aguardado álbum de estreia dos Orelha Negra saltará para as prateleiras nacionais. Gomes Prodigy, Rebelo Jazz Bass, Ferrano, Cruz e Mira Profissional são os nicknames que (quase) ocultam a identidade deste quinteto, constítuido por artistas que resolveram juntar-se com o intuito de honrar a boa música.
"Blessed" foi um dos singles oferecidos pelo grupo e encontra-se para download legal através da Antena 3 directamente por aqui. Entretanto, foram colocadas mais duas faixas do trabalho no myspace dos Orelha Negra. A "Memória" e a "Cura" podem ser ouvidas em www.myspace.com/orelhanegra.
Este álbum homónimo dos Orelha Negra já está, contudo, em pré-venda na Fnac, com uma edição limitada CD+LP.
NBC - Heróis 1974 (Vídeo)
Novíssimo vídeo de Timóteo Santos aka NBC. "Heróis (1974)" (produzido por New Max e DJ Link) encontra-se na faixa 8 do seu último (e bem conseguido, diga-se) trabalho, "Maturidade", que marcou o regresso do MC/cantor às edições discográficas a solo em 2008. O vídeo foi produzido por Nuno "Video Junk" Marques, nome que já não é virgem na produção de videoclips nacionais.
terça-feira, 16 de março de 2010
Fotos da noite de Hip Hop no Pin Up (6-3-2010)
http://www.facebook.com/album.php?page=1&aid=163294&id=192994615442
"24 Hour Karate School" de Ski Beatz

segunda-feira, 15 de março de 2010
Reportagem da noite de Hip Hop no Pin Up (6-3-2010)
http://www.h2tuga.net/cronicasdeeventos/094_pinup_6mar2010.php
Rest In Peace, Snake

O rapper Snake, habitual colaborador de Sam The Kid, foi morto pela PSP.
O Correio da Manhã relata um disparo de um agente da PSP, na madrugada desta segunda-feira, depois de um condutor «não ter parado numa operação stop montada perto das Docas de Santo Amaro». Foi entretanto confirmado que o referido condutor era Snake, um rapper da zona de Chelas que, por exemplo, canta no tema «Negociantes», de Sam The Kid.
Na mesma notícia pode ler-se que «a polícia partiu numa perseguição ao fugitivo, que só terminou pelas 05h00, na Travessa de São Domingos, junto aos Pupilos do Exército. Um dos agentes seguia numa carrinha das Equipas de Intervenção Rápida, «efectuou dois disparos para o ar e um na direcção dos pneus do carro, tendo esta última bala perfurado a chapa do veículo e atingido mortalmente o condutor pelas costas».
Pode ler-se ainda que «o agente da PSP já foi ouvido pela Polícia Judiciária e constituído arguido» e que «a PSP vai abrir um inquérito interno ao caso, em paralelo ao processo crime dirigido pelo Ministério Público, para apurar se foi cometido o crime de homicídio involuntário». Em comunicado emitido entretanto, a PSP adianta que «aguardará a conclusão» dos inquéritos «antes de prestar quaisquer outras declarações sobre o incidente e o seu lamentável resultado».
http://diariodigital.sapo.pt/disco_digital/news.asp?id_news=37929
sábado, 13 de março de 2010
Deau

sexta-feira, 12 de março de 2010
Kristo - 20 Palavras
Primeiro vídeo da novíssima mixtape de Sickonce aka Gijoe. O contemplado é Kristo com as suas "20 palavras". O MC de Loulé é um dos muitos artistas chamados por Gijoe para as 53 faixas de "Palavra de Músico" (o cd traz ainda os instrumentais de todas elas e 17 faixas bónus). Entre eles estão: Nerve, La Dupla, Bob da Rage Sense, Suarez, Nel'Assassin, RealPunch, Reflect, Mundo, e muitos outros.
Com selo da Kimahera, "Palavra de Músico" encontra-se à venda em todo o país desde segunda-feira e também na SóHipHop.
quarta-feira, 10 de março de 2010
1 Ano de HIPHOPulsação... por Sempei

Ah! Dizer também que a única coisa que nos conseguiu saturar durante este ano foi o nosso banner. A ele também um grande obrigado por nos acompanhar estes dias todos, mas a verdade é que daqui para a frente serão outras imagens a contribuir minimamente para o embelezamento deste espaço, que continuará a apoiar o movimento, "pois acreditamos piamente que, apesar de todas as doenças que possam afectá-lo, o Hip Hop nunca há-de morrer!"
1 Ano de HIPHOPulsação... por Druco

terça-feira, 9 de março de 2010
Valeu a pena, não valeu?
Brevemente a nossa reportagem da noite hiphopiana do último sábado (6 de Março) no Pin Up surgirá online no H2T, mas podemos já adiantar (a quem não marcou presença) que foram cerca de 3 horas a ferver! O vídeo acima é só a ponta da labareda...
segunda-feira, 8 de março de 2010
domingo, 7 de março de 2010
Festa de Hip Hop no Pin Up (4-12-2009)
Nova investida de Hip Hop no Pin Up, no dia 4 de Dezembro de 2009. Com um cartaz recheado de atracções, aguardava-se uma boa casa no espaço portuense, o que veio a acontecer.
Com o atraso habitual, a festa iniciou-se com DJ Bandido a aquecer o ambiente. As pessoas entravam a conta-gotas e a música expulsa pelas colunas era o chamariz perfeito para que o público se situasse em frente ao palco. DJ Nel’Assassin, outro dos DJ’s convidados, deu literalmente o seu show, cravando as impressões digitais no vinil, naquele dedilhar pejado de perícia. A vibração repercutiu-se de forma extraordinária. Dilated Peoples e Jay-Z foram possivelmente os reis nas mãos de ambos os DJ’s, tal foi a rodagem que tiveram.
Quando MC Zero deu início à sua actuação, já a sala estava aconchegada e mais ficou pelo envolvimento da música do rapper bracarense. Apresentando temas do seu disco “Instrospectivo”(*), Zero teve uma boa aceitação no Pin Up. Decidido a conquistar os presentes, não tardou em quebrar o gelo e a pedir “vida” a quem o escutava. Fluindo num rap bastante intimista, o seu concerto voou, dando ênfase ao adágio que diz que o que é bom acaba depressa.
Seguidamente quem pegou no microfone foi Birro e alguns seus camaradas. Com muitos fãs a assistir ao concerto, Birro sabia antecipadamente que a noite estava ganha. Mas também ao nível das capacidades no microfone, ele acabou por legitimar esse triunfo que se percebia pelo carinho que recebeu quando subiu ao palco. Uma boa entrega do MC da Lapa. Destaque para o tema de despedida, que foi uma surpresa preparada pelos Gatos do Beko. Estes juntaram-se em palco para apresentar o tema de avanço do futuro trabalho do colectivo.
Mas quem reinou verdadeiramente na noite de 4 de Dezembro no Pin Up foi o duo da “Pioneiros” mixtape. Os incontornáveis DJ Nel’Assassin e Mundo Segundo levaram ao rubro a audiência que acompanhava em coro alguns dos sons da referida mixtape. Foi anunciado de viva voz por Mundo que brevemente haverá um segundo capítulo de “Pioneiros”, algo que deliciou os ouvidos das gentes. A vitalidade que emanava em palco transmitiu-se ao público que se manifestava ruidosamente como até antes não fizera. As duas lendas do Hip Hop nacional deram um concerto que caiu no goto das pessoas, emocionando-as e pedindo por mais. Enorme demonstração de respeito que existiu nessa noite para com duas figuras fulcrais da História desta cultura no nosso país.
Estava programado, mas parecia que o público não iria deixar fugir DJ Nel’Assassin para Carcavelos sem mostrar mais um pouco da sua habilidade nos pratos, depois de ter terminado o concerto com Mundo. Assim foi. Num ambiente de descontracção, Nel’Assassin foi lançando pérolas musicais para contínuo gáudio dos que o observavam. A absorção de energia passada por Assassino foi tal que até houve espaço para que um bravo b-boy ensaiasse uns interessantes passos no meio duma roda que entretanto se formara à sua volta.
Em suma, foi uma noite bem animada, onde os artistas foram superiormente recebidos e onde o público contribuiu decisivamente para o clima quente e intenso que se viveu. Foi ainda uma noite sem quaisquer problemas de monta relativamente às questões técnicas ligadas ao som, o que foi óptimo! Venham mais noites de Hip Hop assim!
Por Druco e Sempei
(*) errata: a forma correcta é naturalmente «Introspectivo». Foi um erro que lamentavelmente não detectámos e que também passou incólume ao crivo da equipa de revisores da "Freestyle".
sexta-feira, 5 de março de 2010
Históricos de visita a Portugal


Mas falar de Gil Scott-Heron sem passar pelo poema "The Revolution Will Not Be Televised" é como agarrar na vida de Martin Luther King Jr. e ignorar as quatro palavras com mais história de todos os seus discursos. Isto porque a mítica expressão "The Revolution Will Not Be Televised" foi tomada como uma forma de intervenção contra o sistema, tendo sido amplamente samplada e relembrada por vários artistas de Hip Hop (e não só). Assim de repente recordo-me de Common e Wu-Tang Clan.
Resta mencionar que Gil Scott-Heron vem a Portugal promover o seu último disco (primeiro em 16 anos) denominado "I'm New Here". E é nesse álbum que se encontra a faixa "Me And The Devil".
Rocky Marsiano

Neste terceiro trabalho (produzido em parte na Holanda, onde D-Mars reside actualmente), Rocky Marsiano regressa à pirâmide onde começou a preencher os seus instrumentais com doses abundantes de Jazz, Funk e Hip Hop. Em 2005, arrancou boas críticas com "The Pyramid Sessions", tendo selado Maio de 2008 com a "Outside the Pyramid". Ao vivo, D-Mars faz-se acompanhar por Rodrigo Amado ao leme do saxofone, Joep van Rhijn com os dedos no trompete, André Fernandes nas cordas da guitarra, DJ Ride nos pratos e a voz de D_Fine.
Em baixo, um aperitivo do segundo álbum, "Outside The Pyramid", com o tema "Rocky’s Funk Anthem" e ainda uma demonstração do projecto Rocky Marsiano em palco, neste caso no Interparla Festival de 2008, em Madrid.
Madkutz - Triunfo 2010
O novo single de Madkutz andou a agitar os seus seguidores durante algum tempo, mas, finalmente, acaba de ser oferecido pelo próprio para livre auscultação. À semelhança do (bem sucedido) "Aviso", este primeiro som de 2010 também anexou vários artistas nas rimas - situação mais conhecida por posse cut. São eles: Caminhante, Dengaz, Kristo, Pródigo, Nerve, Masta, NGA e Lancelot.
Download do single: http://www.sendspace.com/file/2or6my
quinta-feira, 4 de março de 2010
Grandes Malhas

Link: www.sendspace.com/file/r35bsr
Blog: http://madkutznews.blogspot.com/

As verdadeiras "Grandes Malhas" (não que as do Madkutz não sejam...) também tiveram direito a compilação. Falo, obviamente, da rubrica do André Silva (do blog Primouz - que comemora 4 anos de actividade), onde ao longo de mais de dois anos imortalizou os clássicos do Hip Hop mundial nas 89 reviews que escreveu para a IVSTREET e, posteriormente, para o H2T, agora disponíveis em pdf.
Para conferir no post original do blog.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Gifted Unlimited Rhymes Universal
Não poderíamos passar ao lado de toda a preocupação que assombrou o universo Hip Hop desde o fim-de-semana passado, devido ao estado de saúde do mítico Guru. Como se sabe, Guru sofreu um ataque cardíaco e esteve (ou ainda estará) em coma induzido. Desde então, surgiram várias informações, embora nem todas elas fidedignas. Hoje, contudo, apareceu a primeira confirmação oficial pela voz de Solar. Segundo o produtor - que tem partilhado os últimos trabalhos com Guru - o rapper de 43 anos encontra-se estável e a recuperar da cirurgia, recolhendo as melhores expectativas dos médicos quanto à sua total recuperação. Boas notícias, portanto.
A carreira e a influência de Guru no Hip Hop é inarrável e, sobretudo, inegável. Desde o seu currículo nos Gangstarr (grupo que ele próprio erigiu - juntamente com outros elementos - nos anos 80 e no qual percorreria mais de uma década sobre as batidas de DJ Premier) até aos seus álbuns a solo (embora sempre muito bem acompanhado), onde se evidenciou a série "Jazzmatazz". E foi algures nos volumes 2, 3 e 4 que fui resgatar estes três sons. Guru style!