A comunidade Hip Hop portuguesa está de luto e consternada, depois do choque que foi a notícia da morte do rapper Snake. Vítima dum disparo fatal dum polícia, o rapper de Chelas deixou este mundo com apenas 30 anos e com tanto ainda por fazer no rap português. O seu erro foi desrespeitar a ordem de paragem das autoridades policiais. Todavia, ninguém merece morrer por não parar numa operação stop. Houve um gravíssimo abuso de autoridade por parte da polícia que, naquelas circunstâncias, ou seja, numa perseguição, nunca poderia disparar sobre alguém sem saber se a pessoa em causa era portadora de arma de fogo. O pior, no meio destes dois erros, é que foi o lado mais fraco a perder a vida. A corda rebenta sempre nas mãos dos mais desprotegidos. Esperemos, em todo este drama, que o agente envolvido neste triste acontecimento jamais possua uma arma no seu coldre e nunca mas nunca mais tenha uma arma nas suas mãos, enquanto agente da Polícia de Segurança Pública. Segurança Pública... Pois...
Quem já lidou com a polícia sabe muito bem do ninho de cobras que ali se esconde. Percebe que há muita fruta podre, num núcleo que tem obrigação de dar ou ser um exemplo para a sociedade. Há gente boa na polícia, com ética, bem formada, com sentido de responsabilidade e com consciência cívica, preocupada em zelar pelos interesses dos cidadãos. O pior são as víboras que espetam o ferrão e destilam o veneno na social circulação sanguínea, denegrindo a instituição Polícia e gerando uma desconfiança – uma ferida de morte – na opinião pública.
Quantos são os agentes policiais condenados pelos crimes que cometeram? Quantos casos destes são ventilados na comunicação social? A protecção mútua, o encobrimento, a cumplicidade, entre polícias é real e só quem viver no mundo da lua ou da Carochinha é que não vislumbra esta evidência. Aguardemos o que acontecerá com este agente que tirou a vida a Snake. Mas que ninguém se espante se este processo de investigação e apuramento da verdade durar largo tempo. Que ninguém se admire ainda se o caso for abafado. Ontem li no «Jornal de Notícias» a coluna habitual do escritor e jornalista Manuel António Pina. Escrevia este que é espantoso como em Portugal desaparecem documentos que poderiam servir de prova a muitos crimes em causa. O escritor progride no seu pensamento constatando como a “indecência” galga terreno no nosso país. Concluindo o seu artigo, levanta um curioso exercício: se fossem encontrados todos estes tais documentos que desaparecem sem deixar rasto e deixam impunes tantos colarinhos brancos e afins, talvez esses papéis dissessem mais sobre a nossa identidade e sobre o nosso país do que aquele amontoado de manuscritos antigos que estão na Torre do Tombo. Ora nem mais! Lapidar!
“Se fosse branco e usasse gravata, teriam disparado?”. A pergunta retórica é de Sam The Kid e é inteiramente legítima e impunha-se fazê-la. Ainda vivemos numa sociedade portuguesa racista e preconceituosa, que julga as pessoas pela cor da pele e pela roupa que veste. Assim, o entendimento que se pode tirar daqui é que, por exemplo, José Sócrates só pode ser um santo porque é branco e veste-se bem, já que compra alguma da sua roupa numa das lojas mais caras do mundo, situada na Rodeo Drive, em Beverly Hills, Estados Unidos da América. Ladrão? Nunca! Ainda seguindo essa linha de julgamentos “a priori”, Snake só podia ser um criminoso sem escrúpulos e sem remédio, que devia ter gravada na testa a inscrição “bandido”. Claro, ele preto, sem gravata, com street wear, num carro velho, só podia ser um desprezível ser humano que não merecia respeito, dignidade ou tolerância, nem viver neste mundo de gente fina e irreprensível. Valha-nos a ironia para lidarmos com a estupidez e com a barbárie.
O que mais me assusta e arrepia em tudo isto é pensar no país em que vivemos. Na sociedade que vive das aparências, do clima de hipocrisia, da justiça que não se cumpre quando entram em cena os ricos e os poderosos, na desconfiança das instituições judiciárias e policiais, na forma como se tira a vida a uma pessoa por “dá cá aquela palha”. Vivemos numa selva competitiva onde tudo acontece e serve para “mostrar serviço”, movidos a ódio e guiados por ambições desmedidas. Em tudo isto, lá se vai o humanismo e a consciência pelo cano abaixo. Como consequência, lá foi mais um Snake para debaixo da terra também. E mais uma criança que crescerá sem o pai. Muito triste!
Já dizia o Bónus: “os anos vão passando mas nada muda”. Temos de deitar mão a isto, juventude! Caso contrário, o monstro vai continuar a engolir-nos e a deitar-nos precocemente no caixão. Até sempre, Snake!
Quem já lidou com a polícia sabe muito bem do ninho de cobras que ali se esconde. Percebe que há muita fruta podre, num núcleo que tem obrigação de dar ou ser um exemplo para a sociedade. Há gente boa na polícia, com ética, bem formada, com sentido de responsabilidade e com consciência cívica, preocupada em zelar pelos interesses dos cidadãos. O pior são as víboras que espetam o ferrão e destilam o veneno na social circulação sanguínea, denegrindo a instituição Polícia e gerando uma desconfiança – uma ferida de morte – na opinião pública.
Quantos são os agentes policiais condenados pelos crimes que cometeram? Quantos casos destes são ventilados na comunicação social? A protecção mútua, o encobrimento, a cumplicidade, entre polícias é real e só quem viver no mundo da lua ou da Carochinha é que não vislumbra esta evidência. Aguardemos o que acontecerá com este agente que tirou a vida a Snake. Mas que ninguém se espante se este processo de investigação e apuramento da verdade durar largo tempo. Que ninguém se admire ainda se o caso for abafado. Ontem li no «Jornal de Notícias» a coluna habitual do escritor e jornalista Manuel António Pina. Escrevia este que é espantoso como em Portugal desaparecem documentos que poderiam servir de prova a muitos crimes em causa. O escritor progride no seu pensamento constatando como a “indecência” galga terreno no nosso país. Concluindo o seu artigo, levanta um curioso exercício: se fossem encontrados todos estes tais documentos que desaparecem sem deixar rasto e deixam impunes tantos colarinhos brancos e afins, talvez esses papéis dissessem mais sobre a nossa identidade e sobre o nosso país do que aquele amontoado de manuscritos antigos que estão na Torre do Tombo. Ora nem mais! Lapidar!
“Se fosse branco e usasse gravata, teriam disparado?”. A pergunta retórica é de Sam The Kid e é inteiramente legítima e impunha-se fazê-la. Ainda vivemos numa sociedade portuguesa racista e preconceituosa, que julga as pessoas pela cor da pele e pela roupa que veste. Assim, o entendimento que se pode tirar daqui é que, por exemplo, José Sócrates só pode ser um santo porque é branco e veste-se bem, já que compra alguma da sua roupa numa das lojas mais caras do mundo, situada na Rodeo Drive, em Beverly Hills, Estados Unidos da América. Ladrão? Nunca! Ainda seguindo essa linha de julgamentos “a priori”, Snake só podia ser um criminoso sem escrúpulos e sem remédio, que devia ter gravada na testa a inscrição “bandido”. Claro, ele preto, sem gravata, com street wear, num carro velho, só podia ser um desprezível ser humano que não merecia respeito, dignidade ou tolerância, nem viver neste mundo de gente fina e irreprensível. Valha-nos a ironia para lidarmos com a estupidez e com a barbárie.
O que mais me assusta e arrepia em tudo isto é pensar no país em que vivemos. Na sociedade que vive das aparências, do clima de hipocrisia, da justiça que não se cumpre quando entram em cena os ricos e os poderosos, na desconfiança das instituições judiciárias e policiais, na forma como se tira a vida a uma pessoa por “dá cá aquela palha”. Vivemos numa selva competitiva onde tudo acontece e serve para “mostrar serviço”, movidos a ódio e guiados por ambições desmedidas. Em tudo isto, lá se vai o humanismo e a consciência pelo cano abaixo. Como consequência, lá foi mais um Snake para debaixo da terra também. E mais uma criança que crescerá sem o pai. Muito triste!
Já dizia o Bónus: “os anos vão passando mas nada muda”. Temos de deitar mão a isto, juventude! Caso contrário, o monstro vai continuar a engolir-nos e a deitar-nos precocemente no caixão. Até sempre, Snake!
Concordo com tudo o que disseste, e como já tinha referido noutro comentario, vivemos numa socidade de rótulos, dividos e tipificados. é estupido e ridiculo no século em que vivemos. Parecemos uma fábrica. Dizem que estamos perante o futuro, mas enquanto houver situações como estas, e entre outras, nunca vamos evoluir e continuaremos "presos" nesta situação. É impressionante como hoje em dia alguém que tem autoridade, abuza dessa mesma e faz de nós ignorantes presumindo que nao temos conhecimentos das coisas. A policia abuza da autoridade que tem, é ridiculo.
ResponderEliminarEu cheguei a adicionar o blog no space mas ainda nao foi aceite o meu convite :P lol
Mais do que ser ridículo, é indecente e extremamente grave esse abuso da autoridade policial!
ResponderEliminarObrigado pelo teu comentário, Néné.
Cumprimentos.
No Comment TV.
ResponderEliminarR.I.P. Descança em Pax man/mano!
Rui de Castro