A elevação de Gaia a “Capital da Cultura do Eixo Atlântico” foi coroada com a organização de um festival de dois dias completamente à borla. Entre a realização de algumas iniciativas culturais, destaca-se a mostra de sons luso-galegos no halo do Hip Hop. Nomes importantes do movimento ibérico juntam-se assim em Gaia, na Alameda do Senhor da Pedra, para estreitarem laços culturais insolúveis com o rap como pólo agregador. Neste primeiro dia do Eixo Rap, as nuvens no céu pareciam querer abençoar o festival. Dito e feito. As minúsculas lágrimas que os deuses brotaram sobre as nossas cabeças, num curtíssimo espaço de tempo, benzeram os presentes, e a acreditar na sabedoria popular, auguravam então uma noite especial.
Quando chegámos a Miramar, artistas espanhóis já actuavam no palco perante um reduzidíssimo número de espectadores. Seria o efeito chuva, seria ainda cedo? Aproveitámos para dar um giro pelas redondezas e contemplar da belíssima praia o imenso mar e a castiça morada do Senhor da Pedra (uma pequena capela construída em plena praia sobre os rochedos). Aproximava-se a hora de Syzygy actuar e acorremos para junto do palco expectantes sobre se o recinto já estava mais composto. Felizmente, as muitas pessoas que vagueavam pelos espaços de lazer próximos aglomeraram-se junto do palco e deram calor humano a M7, Capicua e D-One.
O concerto foi bom, com o repertório escolhido a recair em temas presentes nas mixtapes que as mc’s de serviço lançaram a título individual. A entrega de M7 e Capicua foi salutar e a intensidade foi diabólica! Autênticas diabas com o microfone na mão, espalharam a sua energia, atitude e boas rimas, sempre sem filtro. D-One naturalmente também contribuiu com a sua colaboração para enriquecer a actuação. Syzygy despediu-se dos presentes com um caloroso agradecimento e Capicua anunciou que seguiria para Lisboa. Boa viagem, rebenta com eles!
Seguiu-se El Puto Coke, com o seu DJ. Após a exibição de skillz do segundo, El Puto Coke entrou no palco a fim de conquistar Gaia. O começo não foi muito animador, pois não conseguiu cativar muito o público. A dificuldade em se entender a língua, mas também a linha mais morna e lenta dos beats talvez tenha contribuído para esse início. Porém, isso durou dois temas. El Puto Coke estabeleceu um diálogo com o público, interpretando dali em diante canções mais intensas, com mais garra e mais agressividade nos instrumentais e isso emocionou mais o público. À medida que o tempo passava mais pessoas El Puto Coke alcançava. Nos dois últimos temas seus, antes de chamar um seu convidado ao palco, El Puto já nos tinha deixado rendidos ao seu rap consciente, onde são evocados relatos e sensações da vida quotidiana com que todos se identificam. Depois do tal dueto com o amigo que trouxe da Galiza, que rima ainda mais depressa dificultando a percepção, despediram-se do público português com um enorme agradecimento e aliciando os espectadores a chamarem o grupo por que todos ansiavam: DLM.
Um pequeno interlúdio para organização do material logístico era tudo o que separava o público de ver Dealema. Todas as brechas que existiam nos lugares da frente foram prontamente preenchidas por aqueles que estavam mais atrás. Nessa altura, o recinto era já um mar de gente. A maré estava a encher em direcção ao palco. Às pessoas não lhes bastava serem o tal mar de gente pois estavam era sedentas por ver os seus ídolos. Aos primeiros indícios de Dealema se apresentar ao serviço, as gentes agitaram-se, entraram numa convulsão de emoções e a loucura foi de tal ordem que parecia que de repente tínhamos sido teletransportados para uma outra dimensão. Ou, no mínimo, para um festival à parte. Assim foi, efectivamente. Dealema a jogar em casa nem sequer precisava de pedir para as pessoas se manifestarem, elas faziam ruído naturalmente. Foi algo único, extraordinário mesmo. Os momentos foram de cumplicidade total entre público e DJ Guze, Mundo, Ex-Peão, Fuse e Maze! Não será atrevimento nem andará longe da verdade dizer-se que é ímpar no Hip Hop português a corrente de entusiasmo que une o público a um artista ou grupo, neste caso o Pentágono. Os elos de identificação criaram uma sinergia maravilhosa e perfeita que catapultou o espectáculo para níveis galácticos!
Seguiu-se El Puto Coke, com o seu DJ. Após a exibição de skillz do segundo, El Puto Coke entrou no palco a fim de conquistar Gaia. O começo não foi muito animador, pois não conseguiu cativar muito o público. A dificuldade em se entender a língua, mas também a linha mais morna e lenta dos beats talvez tenha contribuído para esse início. Porém, isso durou dois temas. El Puto Coke estabeleceu um diálogo com o público, interpretando dali em diante canções mais intensas, com mais garra e mais agressividade nos instrumentais e isso emocionou mais o público. À medida que o tempo passava mais pessoas El Puto Coke alcançava. Nos dois últimos temas seus, antes de chamar um seu convidado ao palco, El Puto já nos tinha deixado rendidos ao seu rap consciente, onde são evocados relatos e sensações da vida quotidiana com que todos se identificam. Depois do tal dueto com o amigo que trouxe da Galiza, que rima ainda mais depressa dificultando a percepção, despediram-se do público português com um enorme agradecimento e aliciando os espectadores a chamarem o grupo por que todos ansiavam: DLM.
Um pequeno interlúdio para organização do material logístico era tudo o que separava o público de ver Dealema. Todas as brechas que existiam nos lugares da frente foram prontamente preenchidas por aqueles que estavam mais atrás. Nessa altura, o recinto era já um mar de gente. A maré estava a encher em direcção ao palco. Às pessoas não lhes bastava serem o tal mar de gente pois estavam era sedentas por ver os seus ídolos. Aos primeiros indícios de Dealema se apresentar ao serviço, as gentes agitaram-se, entraram numa convulsão de emoções e a loucura foi de tal ordem que parecia que de repente tínhamos sido teletransportados para uma outra dimensão. Ou, no mínimo, para um festival à parte. Assim foi, efectivamente. Dealema a jogar em casa nem sequer precisava de pedir para as pessoas se manifestarem, elas faziam ruído naturalmente. Foi algo único, extraordinário mesmo. Os momentos foram de cumplicidade total entre público e DJ Guze, Mundo, Ex-Peão, Fuse e Maze! Não será atrevimento nem andará longe da verdade dizer-se que é ímpar no Hip Hop português a corrente de entusiasmo que une o público a um artista ou grupo, neste caso o Pentágono. Os elos de identificação criaram uma sinergia maravilhosa e perfeita que catapultou o espectáculo para níveis galácticos!
O Colectivo Dealemático é um verdadeiro embaixador cultural da região. A sua influência na juventude é impressionante e a sua mensagem é extraordinária também pela eficácia com que capta a atenção dessa camada da nossa sociedade. Não se deve estranhar portanto que dessa empatia se atinga a idolatração por parte dos seguidores do grupo. Dealema foi desfilando os seus hinos e o povo foi acompanhando em uníssono e rejubilando. A satisfação do colectivo era indisfarçável por ver tantas pessoas a celebrarem a sua música e prestando-lhes tributo com a sua presença e participação no concerto. Maze tirava fotos ao público, Mundo logo no início filmara-o. O delírio aconteceu quando Wöyza foi chamada ao palco para interpretar “Segunda Vinda (A Profecia)” – suposto último tema do concerto. Os níveis de ruído atmosférico atingiam o píncaro e ganhavam com certeza em altura no duelo com os vapores da planta mágica. Foi um momento arrepiante a que se assistiu em Gaia, com os músicos e fãs num perfeito e envolvente abraço. Depois, as luzes apagavam-se, os artistas disseram adeus e abandonaram o palco mas o público não se fiou na cantiga. Sabíamos todos que eles iam voltar porque o clássico “Portugal Surreal” não tinha sido ainda tocado e exigia-se que o tema ecoasse alto pois está mais actual que nunca.
Dealema voltou ao palco, o barulho foi ensurdecedor e os mc’s apelavam que para neste último tema ensaiássemos uma coreografia a preceito. Vai daí tudo se preparou para fazer uma enorme chifrada ao ex-ministro da Economia Manuel Pinho e aproveitando a deixa dedicou-se ainda aquele gesto primoroso ao Ministério da Cultura que tem tido uma prestação execrável nos últimos anos, num desempenho transversal em todas as administrações que têm governado Portugal. O êxtase tomou conta de Miramar. Emocionados e convocando todos para estarem presentes no dia de hoje nas actuações que serão feitas, Dealema despediu-se com a certeza de que toda a sua carreira e trabalho tem compensado. O amor que receberam na actuação foi indescritível. Só quem sente entende! Não se esqueçam, hoje há mais!
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